Tendo sido pai há três anos, a preocupação que já tinha enquanto professor intensificou-se: como é que se educam crianças num século XXI que rapidamente se tornou tão diferente em tantas coisas desde o final do século XX, em que eu próprio fui educado?
Tornou-se já cliché elencar as possibilidades infinitas que hoje existem para se fazer quase tudo ou para se ter quase tudo sem qualquer custo. A vida tornou-se mais fácil, tudo é mais acessível, tudo é touch, mais user friendly. E ainda bem. Esta situação trouxe, no entanto, um desafio: as novidades de hoje exigem que se saiba lidar com elas, porque têm a capacidade de mexer profundamente com o estilo de vida – e mesmo com a cultura – em que foram criadas. São realmente revolucionárias, pois surgem com uma velocidade superior àquela com que nós as conseguimos integrar.
Ora, a presença inevitável da internet, a envolvência absorvente dos smartphones, a programação vertiginosa da netflix e a capacidade osmótica da publicidade, tudo são dados novos, e por isso novas são também as ideias e os valores, o dia-a-dia e os desafios que são transmitidos e apresentados aos filhos.
Se, por um lado, realizo que nas próximas páginas faço uma avaliação muito negativa acerca dos tempos actuais, ainda assim acredito firmemente que o mundo de hoje ainda é um lugar bom, com pessoas e coisas muito boas, e este facto dá-me a segurança de poder dizer que nele os meus filhos poderão ser muito felizes. Estou mesmo convicto de que, entre outras, há duas principais razões para poder dizer isto. Apresentá-las-ei no ponto 3.
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