Obituário - João Salgueiro
Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania
Era o pessimismo da razão com o otimismo da ação. Foi das pessoas mais inteligentes e fascinantes que conheci.
Deixarei de encontrar nas manhãs de sábado o meu vizinho João, para dois dedos de conversa sobre os acontecimentos do momento. E tomo consciência dessa perda irremediável, que já sinto no fundo de mim. Quando a Maria Idalina ainda estava connosco havia entusiasmo. Depois, as marcas profundas da ausência foram-se acentuando rapidamente. Mas a argúcia, a inteligência e a sabedoria de João eram imperdíveis e são inesquecíveis. Desde que o conheci, há cinquenta anos, foi sempre uma constante referência. A exigência e o rigor eram confundidos por alguns com pessimismo, mas, na minha experiência, foi sempre útil essa firme capacidade crítica. Era o pessimismo da razão com o otimismo da ação, como nos ensinavam os clássicos. Foi das pessoas mais inteligentes e fascinantes que conheci. Muitos acusavam-no de ter hesitações, mas quem melhor o conhecia, sabia que essa característica era sinal de uma capacidade única para ver constantemente os diferentes lados dos problemas. Nos dez anos em que presidi à SEDES, graças também ao nosso querido e saudoso amigo Fernando Melo Antunes, contei com o seu apoio e conselho permanentes. Tinha sempre tempo não só para responder ao que se lhe pedia, mas também para dar ideias e propor novas iniciativas, considerando a luta contra a mediocridade e o favor do bem comum. Se não houvesse constante consciência crítica o cuidado do serviço público seria sempre incompleto.
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