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Ortodoxia


 

 

Ortodoxia

O escritor argentino Jorge Luis Borges disse uma vez: «A literatura é uma das formas de felicidade, e talvez nenhum escritor me tenha dado tantas horasfelizes como Chesterton»1.

Ortodoxia
G. K. Chesterton

Lisboa: Aletheia, 2008

Espero suscitar com este artigo o desejo de passar algumas horas felizes com este livro. E começo logo com uma página genial que exemplifica porque razão podem confiar no meu convite. Lemos a página 70:

«Nós evitamos usar a palavra “Lei” (...). A razão pela qual um ovo se transforma num frango é-nos tão, ou tão pouco, conhecida como a razão pela qual um urso de conto de fadas se transforma num príncipe. Enquanto ideias, o ovo e o frango estão mais longe um do outro do que o urso e o príncipe; porque não há ovo nenhum que, em si mesmo, faça lembrar um frango, ao passo que há príncipes que fazem lembrar ursos»2.

Com o seu humorismo característico, Chesterton diverte-nos, mas ao mesmo tempo faz-nos pensar, o que hoje em dia é um grande luxo. Em particular, se olharmos na prateleira dos livros mais vendidos em qualquer livraria.

O recurso que prefere e pratica continuamente para cumprir esta dupla tarefa (divertir e fazer pensar) é o paradoxo. Apresenta-nos uma aparente contradição, para demostrar que a verdade está em ambos aspectos da mesma afi rmação. Um paradoxo é uma percepção mais completa da realidade, porque olha para ela desde dois pontos de vista diferentes, porque faz compreender melhor essa realidade. Paradoxos conhecidos são que quanto mais sei, menos sei; que Deus seja Um e Três; que Jesus seja Homem e Deus; etc.

«Chesterton usava o paradoxo porque pensava que a natureza última da verdade é paradoxal», afi rmou um seu crítico, e acrescentava um exemplo emblemático: «em particular o maior paradoxo cristão em que o Criador do Universo foi uma criança que dormiu num presépio, fi lho duma mãe humana»3.

ORTODOXIA

O paradoxo da Ortodoxia é que é um livro que nasce como uma exposição jornalística de verdades que deviam constituir uma heresia. A sua publicação em 1908, exactamente há 100 anos, é precedida por outro volume também jornalístico publicado três anos antes: Heretics.

Nele criticava autores como Kipling, H. G. Wells, Nietzsche ou Bernard Shaw, que a seu parecer tinham concepções do mundo erradas. Como muitas destas ideias erradas partiam de preconceitos religiosos, Chesterton usou um título que era uma provocação: acusou-os de heresia.

Respondeu-lhe um jornalista, dizendo que não iria expor as próprias opiniões até que Chesterton não tivesse definido as suas, para além de criticar as dos outros. E assim nasceu este volume que hoje apresentamos na sua nova edição, de tão bom aspecto e fácil leitura.

Chesterton era um polémico, gostava sempre de provocar. E este livro é uma provocação, tão inteligente e perspicaz que ainda hoje é perfeitamente actual. Quase que parece escrito para combater certos jornalistas contemporáneos. Nele encontramos uma espécie de autobiografi a, a narração dum percurso vital e de pensamento que leva o autor, e o leitor arrastado por ele, a se questionar sobre o dom da vida, o caminho para alcançar a felicidade, o porquê do progresso, da ciência, de se levantar cada manhã.

Na sua exposição, o Autor quis acrescentar uma base sólida ao optimismo ingénuo dos seus autores preferidos4. Quis descrever de forma simpática o seu “Credo”. Quis lutar contra os decadentes e pessimistas que dominavam a cultura do seu tempo.

O seu ponto de partida existencial é muito simples: reconhece que estar vivo é já um dom demasiado grande como para ser desprezado. E afirma que «os factos são muito simples» (21), mas que é preciso encontrar a verdade que está por cima deles. A verdade está por cima dos factos, é mais profunda.

Em The Club of Queer Trades, romance de 1905, escreveu: «Como obscurecem os factos a verdade! Os factos, ao meu ver, apontam em todas as direcções, como os milhares de ramos duma árvore. Só a vida da árvore oferece a unidade, e eleva-se...»5.

Para Chesterton, as questões específicas de ciência, filosofia, ou política são objecto das suas lutas jornalísticas; mas nenhuma delas se pode compreender isolada da vida. A verdade não
está na precisão dos saberes, mas numa percepção global da realidade, que por vezes ele chama «arte». Assim, afirma que «os matemáticos enlouquecem, e os caixas dos bancos também; mas os artistas raramente enlouquecem» (20).

É um pouco semelhante à percepção que temos ao olhar um quadro: não podemos fixar só um pormenor, uma mancha de cor, mas devemos olhar para o conjunto da fi gura representada. É este o erro de que Chesterton acusa aos racionalistas: concentrados nas explicações que a razão consegue dar, esquecem-se do conjunto da realidade.

Neste sentido devemos compreender uma das frases mais citadas de Chesterton: «O louco não é a pessoa que perdeu a razão; o louco é a pessoa que perdeu tudo, excepto a razão» (24). A razão é necessária, mas acompanhada pelo senso comum, pelas experiências, pelo reconhecimento da realidade.

Como se pode observar, a Ortodoxia não é um tratado teológico; é uma espécie de declaração de princípios, em polémica com as ideias do seu tempo e, insisto, também do nosso.

Ao escrever este texto, ele ainda não pensava na Igreja Católica. Aliás, o que ele pretendia era como que escrever uma sua própria Bíblia, fundar uma nova Igreja e praticar uma sua religião. Queria realizar um seu percurso pessoal, solitário, como grande aventureiro que se considerava. E depois envolver os seus leitores nas suas descobertas. Mas «ao dar a volta ao mundo, o explorador descobriu pela primeira vez a terra natal». E assim, descobriu uma fé que já existia antes de ele ter pensado nela.

A Fé

Chesterton escreveu: «Aos doze anos, era pagão, aos dezasseis era completamente agnóstico» (119). Mas a sua mulher, Frances, com quem casou em 1901, era anglo-católica praticante. Infelizmente para o casal, não puderam ter filhos; mas isto fez com que a sua vida social fosse muito prolixa. Lê-se que era muito raro encontrá-los em casa sem visitas.

Desta forma, na vida de Chesterton entraram também muitos sacerdotes, que sentiam curiosidade por conhecer esta figura excêntrica. Um deles até deu lugar na sua imaginação à personagem do Padre Brown, detective de ficção que protagoniza cinco séries de 10 contos cada uma.

Progressivamente, cresceu nele a percepção dum Deus pessoal. No princípio, era um simples fascínio pelo desconhecido, pelo mistério que se encontra nas coisas simples do dia-a-dia, como num anoitecer ou no amor pela sua mulher. Baseia-se neste fascínio pelo desconhecido o que ele chama a «filosofia dos contos de fadas», à qual dedica um capítulo chave no princípio do livro. Nele afirma:

«O que mantém as pessoas sãs é o misticismo. Enquanto dispusermos de mistério, estaremos sãos; quando destruímos o mistério, criamos a loucura. O homem comum sempre foi são, porque sempre foi um místico. Porque admitiu o crepúsculo. Porque sempre teve um pé em terra e outro no país dos contos de fadas. Sempre se permitiu de duvidar dos seus deuses; mas (ao contrário do agnóstico dos nossos dias) sempre se permitiu igualmente acreditar neles. Sempre se interessou mais pela verdade do que pela consistência. Se encontrasse duas verdades e achasse que elas se contradiziam, aceitava as duas verdades e a contradição» (36).

É uma ideia aparentemente difícil, mas genial. Por exemplo, no nosso dia-a-dia, podemos encontrar que uma pessoa tem atitudes contraditórias, e nós normalmente aceitamo-las. Aceitamos duas verdades (uma atitude simpática e outra antipática, por exemplo), e aceitamos essa contradição, porque sabemos que o ser humano é complexo, misterioso. O racionalista, pelo contrário, na sua ânsia de encaixar tudo na sua mente, faz análise psicológica, psiquiátrica, psicoanalítica... e acaba por não perceber nada, por «enlouquecer».

Em relação ao problema de Deus, este pensamento está continuamente presente no nosso Autor, já desde os seus primeiros escritos quando estava longe de abraçar a fé cristã. Não fecha nenhuma porta, está aberto a descobrir aonde o levará a aventura da sua vida. Na sua Autobiografia, escrita no fim da sua vida, confessa que «até na época em que não acreditava em nada, acreditava naquilo que alguns chamam “o desejo de acreditar”»6.

Em 1919, viajará a Jerusalém para escrever um livro religioso e ficará surpreendido pela presença dum Deus vivo nas ruas daquela cidade. Depois irá aproximando-se da Igreja pelas amizades com diferentes intelectuais e sacerdotes. Por último, confessará que, uma vez abandonado o preconceito que nos faz recuar na adesão à Igreja Católica, sente-se um impulso de atracção pela verdade que não deixa espaço à imparcialidade.

Já na Ortodoxia aparece delineado o início deste percurso, ao estabelecer uma ligação entre as razões que o levam a criticar os seus contemporáneos e os princípios cristãos que começa a reconhecer como válidos. É como se, quase sem dar por isso, estivesse a fazer uma apologia da continuidade entre fé e razão.

«É por motivos racionais, embora não seja por razões simples, que adiro ao cristianismo», afirma. «Consistem esses motivos numa acumulação de factos diversos» (213).

É inevitável pensar em John H. Newman ao falar da acumulação de factos e probabilidades. Este génio católico, seu predecesor que ele leu e conhecia muito bem, explica que se pode chegar às verdades de fé a través da «acumulação de diversas probabilidades», isto é, que «a partir de probabilidades, podemos construir uma prova legítima, suficiente para a certeza»7.

Será este o percurso do próprio Chesterton, como de muitíssimos outros ingleses do século XX influenciados pelo Cardeal Newman. Chega assim a esta formulação:

«Se me perguntarem, em termos puramente intelectuais, por que motivo acredito no cristianismo, a única resposta que eu posso dar é: “Pela mesma razão por que um agnóstico inteligente não acredita no cristianismo”. Acredito no cristianismo, de forma perfeitamente racional, com base nas provas. Acontece que, no meu caso, tal como no caso do agnóstico inteligente, as provas não residem, no fundo, nesta ou naquela alegada demonstração; residem na enorme acumulação de pequenos, mas convergentes factos» (204).

Treze anos depois da publicação de Ortodoxia, em 1922, Chesterton foi acolhido na Igreja Católica, só quando a sua esposa Frances aprovou esta decisão.

A experiência universal

Católico ou não, o leitor não pode deixar de reconhecer o génio de Chesterton, que o leva a pensar além da superfície dos episódios e paradoxos que o livro apresenta.

O facto é que o polemista fala numa linguagem universal, para um público universal. E isto desde uma sua identidade pessoal muito marcada, considero eu, principalmente britânica. São muitas as referências a bairros de Londres, personagens da história inglesa, políticos e intelectuais da época, que contextualizam o texto de forma muito forte, mas ao mesmo tempo são exemplos que facilmente identificamos com outros do nosso próprio contexto e época.

Sublinho aqui a qualidade das notas de rodapé que acompanham esta edição, que permitem acompanhar o texto sem perder todas estas referências particulares, mas também sem nos perdermos em divagações inúteis. Confesso que produzem um prazer cada vez mais raro de experimentar.

A primeira experiência universal que Chesterton manifesta é a gratidão pela vida, por existir e por ser quem é. Ao falar da sua infância e adolescência, descreve: «Eu sentia-me agradecido, embora não soubesse bem a quem (...). Agradecemos às pessoas quando nos dão charutos e chinelos de quarto nos anos. Tem algum mal eu agradecer o presente de ter nascido?» (74). Entre linhas, deixa cair frases como: «O teste da felicidade é a gratidão» (id), que são tão verdadeiras hoje como eram há um século atrás.

A sua gratidão manifesta-se em todos os seus escritos, em que insiste continuamente em não dar por adquirido aquilo que somos, vemos e temos. Alguns exemplos:

Em relação ao matrimónio: «Queixar-me de só poder casar-me uma vez seria o mesmo que queixar-me de só ter nascido uma vez» (78).

Em relação à sucessão das paragens do metropolitano: «Você diz desdenhosamente que quando se deixa Sloane Square se tem que chegar a Victoria. Digo-lhe que se poderiam fazer mil coisas diferentes, e ao chegar tenho a sensação de ter escapado por pouco. Quando oiço o revisor gritar “Victoria”, dou à palavra o seu sentido»8.

Em relação à amizade, escreve numa poesia:

«Uma vez encontrei um amigo “Sou afortunado”, disse, “foi feito para mim”. Mas agora encontro mais e mais amigos que parecem ter sido feitos para mim e ainda um e mais outro, feito para mim. É possível que todos nós, por toda a terra, sejamos feitos um para o outro?»9.

Em relação ao mundo em que vivemos:

«O mundo moderno não é mau; em alguns aspectos, o mundo moderno é até excessivamente bom. É um mundo de virtudes desenfreadas, de virtudes desperdiçadas» (40).

Por último, em relação à sua notória obesidade: «O meu peso? Ainda ninguém o calculou!»10, costumava dizer.

Todos estes exemplos querem mostrar como o génio inglês, ao falar da sua vida e forma de pensar, em termos muito pessoais, acaba sempre por descrever experiências que valem para todos. Acaba sempre por fazer-nos recuperar o espanto, a gratidão, a simplicidade, a alegria pelas coisas comuns.

Um grande comunicador

Uma personagem facilmente identificável com o próprio Chesterton, que aparece nas histórias contidas em The man who knew too much, é descrita como alguém que «sabia muito de arte, letras, filosofia e cultura geral, aliás de quase tudo excepto o que tinha a ver com o mundo em que vivia»11.

Esta ironia que caracteriza o estilo de Chesterton, presente em cada página da Ortodoxia, faz com que o Autor nunca nos resulte enfadonho ou presunçoso. Fala sempre de coisas sérias, mas parece que lhe custe abandonar o sorriso.

Ele próprio descreve este ideal com uma imagem celestial: «Uma das características dos grandes santos é a sua capacidade de serem ligeiros. Os anjos voam porque se encaram a si próprios com ligeireza, porque não se levam excessivamente a sério» (171).

Mais uma lição para o homem contemporáneo, não só para aquele do século XX. Também hoje se pode dizer, como então, que «a pessoa “assenta” numa espécie de seriedade egoísta; já para se elevar precisa de ter um alegre esquecimento de si mesma» (171). Há mais de um século que Chesterton é lido e admirado, pelas suas grandes dotes de comunicador, e porque a
sua «ligeireza» de espírito ajuda a tornar estes argumentos, tão sérios, acessíveis a todos.

Sentimo-nos atraídos pelos seus exemplos extremos e por vezes ridículos, pela força das suas provocações. O leitor imagina como poderia contradizê-lo, ou então deixa-se guiar pelo seu raciocínio, com vontade de fixar este ou aquele exemplo tão adequado para esta ou aquela situação.

Um crítico do seu tempo definiu-o como «o mais caprichoso, o mais inconstante, o mais insaciável, o mais enigmático dos escritores contemporáneos»12. Faz parte do seu fascínio: nunca
sabemos onde nos vai levar; nunca sabemos até que ponto devemos dar crédito às suas palavras: onde acaba a seriedade e onde começa o humorismo.

Ele próprio destaca que o gosto pela vida nasce desta percepção, percepção que também se encontra no Cristianismo. Escreveu: «Para um cristão a existência é uma história, que pode terminar de qualquer maneira», como um romance em que o herói pode ser morto, embora saibamos que isso acabará por nunca acontecer. E exemplifica: «A moral cristã sempre recordou ao homem, não que ele se arriscava a perder a sua alma, mas que ele devia ter o cuidado de evitar que tal coisa acontecesse» (193).

Conclusão

Tentei mostrar nesta apresentação quatro aspectos de destaque na Ortodoxia de Chesterton: primeiro, o facto de ela ser a apresentação de uma visão do mundo unitária; segundo, o facto de estar ligada à fé cristã; terceiro, esta experiência ser universal; último, a sua força de comunicação, séria e divertida ao mesmo tempo. Uma, cristã, universal e comunicável; «uma, santa, católica e apostólica».

Chesterton, como nós, chegou ao fim do seu percurso quando reconheceu que aquilo que devia ser a sua heresia, o seu modo de pensamento original e único, coincidia com o Cristianismo. Dirá: «Sou aquele homem que, com grandiosa ousadia, descobriu aquilo que já tinha sido descoberto» (11). E ainda: «Acabei por descobrir que estava mil e oitocentos anos atrasado» (12).

Descreve com uma imagem muito eficaz, também conhecida, o que produziu esta descoberta na sua mente: «Uma pedra pode adaptar-se a um buraco por acidente. Já uma chave e uma fechadura são objectos complexos; e, se a chave abre a fechadura, é porque é a chave daquela fechadura» (14). O Cristianismo foi para ele a chave para compreender o mundo, com todos os seus paradoxos e aparentes contrariedades. Quero concluir com uma citação da sua Autobiografia, em que explica o sentido profundo da sua escrita: «Quase todos os críticos louvaram o que chamavam, com complacência, os meus brilhantes paradoxos; até que descobriram que realmente acreditava no que dizia».13


1 Citado em G. K. Chesterton, La inocencia del Padre Brown, Madrid: Encuentro 1995, p. 8.
2 G. K. Chesterton, Ortodoxia. Lisboa: Aletheia, 2008, p. 70. As próximas citações deste volume só incluem o número de página, entre parêntese, no corpo do texto.
3 C. Hollis, G. K. Chesterton, cit. em Id., La inocencia..., op. cit., p. 9.
4 GWhitman ou Browning, entre outros.
5 G. K. Chesterton, The Club of Queer Trades, cit. em J. Pearce, G. K. Chesterton, Madrid: Encuentro, 1998, p. 132.
6 G. K. Chesterton, Autobiografia, Barcelona, 1967, p. 153.
7 J. H. Newman, Ensaio a Favor de uma Gramática do Assentimento. Lisboa: Assírio e Alvim, 2005, 401.
8 G. K. Chesterton, O homem que era quinta-feira, Lisboa: Europa-América, 2007, p. 34.
9 G. K. Chesterton, Collected Works, vol. X: Collected Poetry, Ignatius, 2008, p. 16.
10 Cit. em G. K. Chesterton, La inocencia..., op. cit., p. 5.
11 G. K. Chesterton, El hombre que sabía demasiado. Barcelona: GP, 1975, p. 7.
12 J. de Tonquédec, G. K. Chesterton, ses idées et son caractère. Paris: Nouvelle Librairie Nationale, 1920, p. 7..
13 G. K. Chesterton, Autobiografia, op. cit., p. 160.


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