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Homenagem - Eduardo Lourenço (1923-2021)

Homenagem

Guilherme d’Oliveira Martins

Guilherme d’Oliveira Martins

Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania

Caberá à História dizer o que de essencial nos disse o pensador e como contribui para se entender melhor tudo quanto escreveu e analisou. Qualquer simplificação será sempre caricatural e incompleta.

O que se disse sobre Eduardo Lourenço fica sempre envolto numa aura de incerteza e de mistério. Nada do que se disser pode satisfazer-nos. Caberá à História dizer o que de essencial nos disse o pensador e como contribui para se entender melhor tudo quanto escreveu e analisou. Qualquer simplificação será sempre caricatural e incompleta, pelo que urge lê-lo diretamente, recusando todas as sínteses falseadoras ou as conclusões definitivas, que são o contrário do que o escritor sempre desejou- Em longuíssimas conversas sempre o senti proteger-se, cético perante as interpretações subjetivas sobre as quais não se detinha propositadamente. Mas sentia-se nele uma preocupação de distanciamento. Um pensador que se qualificou desde muito cedo como heterodoxo, dificilmente poderia deixar-se catalogar, percebendo que haveria tentativas de diversos lados para encerrar o seu percurso num caminho preconcebido. Ao cultivar o ensaísmo, tendo presente a inspiração de Montaigne (“aquela voz que não foi escutada na aventura espiritual portuguesa”) e o exemplo de Coimbra de Sílvio Lima, o escritor assumiu com clareza um subjetivismo dificilmente capturável em qualquer preconceito – até porque, mais do que género literário, Lima considerou, e bem, o ensaio mais como “atitude de ginástica do intelecto”. “Que sais-je?” - a expressão gravada na torre do cultor emblemático do ensaio sempre esteve presente, como interrogação autêntica na caminhada deste verdadeiro buscador de enigmas. Na expressão de Filomena Molder: “Há um trabalho prévio a fazer: pensar por si próprio o homem, o que o obriga a destacar-se do que recebeu e a abrir um caminho que não está traçado: a renúncia a qualquer recado, a qualquer mandato” (Expresso, 4.12.20).

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