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William A. Galston

William A. Galston

The Brookings Institution, Washington, DC

Washington ensina-nos lições valiosas sobre a arte de governar.

Uma vez perguntaram a Ronald Reagan se nos seus tempos de actor tinha aprendido alguma coisa que lhe tivesse sido útil enquanto presidente. “Houve muitas ocasiões neste trabalho,” respondeu Reagan, “em que me perguntei como o conseguiria fazer se não tivesse sido actor.”

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capa revista 78
Homenagem a Adriano Moreira
Adriano Moreira
Palestra Alexis de Tocqueville 2002
Palestra Alexis de Tocqueville 2002
ANO XXIV | Nº 78 | Setembro / Dezembro 2022
 

Allen Packwood

Allen Packwood

Director, Churchill Archives Centre, Churchill College, Cambridge

Em 1939, Churchill perspicazmente afirmou “Não posso prever a acção da Rússia. É um enigma, envolto em mistério, dentro de um enigma.”1

Pediram-me para falar sobre Churchill e a Rússia, mas também me deram apenas 15 minutos. Acho que se Winston estivesse aqui, teria exigido mais tempo.

A citação mais famosa de Churchill sobre a Rússia é que o país era “um enigma envolto em mistério, dentro de um enigma”. Churchill disse estas palavras a 1 de Outubro de 1939. Estas formaram uma passagem chave na sua primeira transmissão em tempo de guerra pela BBC. Ainda não era Primeiro-Ministro, tendo acabado de ser trazido de volta ao Gabinete por Chamberlain como Primeiro Lorde do Almirantado, mas isso – caracteristicamente – não o impediu de percorrer mais amplamente o cenário mundial.

A Palestra Alexis de Toqueville é um momento muito importante do ano académico do IEP, certamente o mais solene, e inclui a Sessão de Entrega de Diplomas do Instituto.

E deixem-me recordar que a Rússia estava nesse momento – em 1939 – aliada à Alemanha nazi, através do pacto Molotov- -Ribbentrop, assinado algumas semanas antes em Agosto, e que Estaline e Hitler haviam acabado de devorar a Polónia.

Catherine Marshall

Catherine Marshall

CY Cergy-Paris Université, Paris

Uma ética de deferência pode ser a resposta para alguns dos males com que nos deparamos nos nossos tempos.

Devo começar desde já por explicar que acabei de publicar um livro sobre o conceito de deferência política, intitulado Political Deference in a Democratic Age: British Politics and the Constitution from the Eighteenth Century to Brexit. Estando o livro agora concluído, tenho-me interrogado se o uso de deferência política poderia ser estendido a outras democracias liberais no mundo.

Mas então, o que significa deferência? A definição mais comum está relacionada com a palavra francesa “déférer”, usada desde o século XIV, e que significa ‘ceder ou consentir’ à opinião de uma outra pessoa e mostrar-lhe a devida consideração como forma de submissão. No entanto, uma definição muito mais refinada foi-nos dada pelo pensador vitoriano Walter Bagehot (1826-1877). A sua definição afastava-se do significado elementar para sublinhar que deferência a alguém não significa necessariamente que essa pessoa seja um superior a quem tenha que se ceder ou obedecer. Deferência pode ser um acto de auto-controlo para o bem comum que não implica domínio. Talvez, e isso é mais importante para Bagehot, tal concepção de deferência ao poder tenha tido lugar numa estrutura social hierárquica que encorajava um certo código moral de conduta que se baseava na forma antiga de agir.

Dóra Gyorffy

Dóra Gyorffy

Universidade Corvinius, Budapeste

Não devemos ter ilusões: o ataque injustificável à liberdade e soberania da Ucrânia é um ataque ao Ocidente e a tudo o que ele representa.

Ao longo dos últimos anos, temos discutido no Estoril Political Forum as ameaças do autoritarismo à ordem internacional baseada em regras e à aliança transatlântica. Estes perigos foram sempre difusos. Havia muitas razões para examinar os falhanços internos das democracias ocidentais em vez de pôr o foco na guerra híbrida que já decorria e que a Rússia já vinha travando contra o Ocidente. Depois de 24 de fevereiro, a guerra está assumida. Não devemos ter ilusões: o ataque injustificável à liberdade e soberania da Ucrânia é um ataque ao Ocidente e a tudo o que ele representa. Como afirma Nicholas Tenzer1: “o que Putin quer destruir é a própria ideia de humana, e o que com ela vem: liberdade, beleza, nobreza de sentimento, generosidade, altruísmo, alegria, tudo o que representa alguma forma de magnificência… ele pretende mostrar… que as supostas forças da razão, moralidade e justiça nunca serão fortes o suficiente para resistir à pressão da libertação devastadora de qualquer regra.” O projecto niilista deve ser fortemente derrotado, a Ucrânia tem de vencer, e o Ocidente deve ajudar nas dimensões militar, política, económica e humanitária.

Embora a guerra tenha trazido clareza moral, Putin ainda conta com os fracassos ocidentais para cumprir os seus próprios ideais. A sua crença cínica sobre o declínio do Ocidente não é simplesmente uma ilusão, é também sustentada pela sua experiência pessoal com actores ocidentais.

O seu sucesso generalizado em corromper funcionários e empresários ocidentais poderia dar-lhe a impressão de que todos estão à venda e de que as referências a valores são apenas slogans vazios sem compromisso real. Ele tinha agentes a trabalhar para ele na política e no mundo dos negócios nos EUA, no Reino Unido e na União Europeia. É possível obter uma imagem precisa do ecossistema nos negócios e na advocacia ocidental ao ler o livro Freezing Order, recentemente publicado por Bill Browder2, arqui-inimigo de Putin e promotor da legislação Magnitsky em todo o mundo. A Rússia também tem influência sobre os governos ocidentais, e Putin demonstra confiança na sua capacidade de fomentar divisão na aliança transatlântica.3 Embora não consiga convencer os actores ocidentais da natureza justificável da sua guerra, apoiar várias narrativas de apaziguamento é um objetivo claro da propaganda russa que tem muito maiores probabilidades de sucesso.

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