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A Desoras: diário, excertos


 

Abuxarda, terça-feira, 26 de Janeiro de 2021

Pedro Theotónio Pereira – o outro delfim de Salazar por Fernando Martins.

 

Marcelo Duarte Mathias

Marcelo Duarte Mathias

Embaixador de Portugal

Abuxarda, terça-feira, 26 de Janeiro de 2021

Pedro Theotónio Pereira – o outro delfim de Salazar por Fernando Martins.

Empolgante leitura. Uma boa biografia política é, antes de mais, uma boa narrativa histórica. E as Notas devem ser (e estas são-no, aqui), tão instrutivas como o corpo do livro.

Depois há o tom, que é talvez o mais difícil em empreendimentos destes, o tom exacto que nasce desse equilíbrio entre entendimento e objectividade, que o mesmo é dizer de simpatia e distanciamento. Porque toda a biografia é um convívio decorrente de uma demorada intimidade com a figura que se pretende evocar, e a dificuldade está aí: o biografado não é nem pode permanecer um estranho aos olhos do biógrafo, mas este tão-pouco se poderá tornar, por excesso de intimidade, cúmplice de quem retrata.

Theotónio Pereira parte para Espanha em 1938, em plena guerra civil, na qualidade de agente especial, e regressa a Lisboa passados seis anos, de onde segue para o Rio de Janeiro chefiar a nossa embaixada na então capital brasileira.

Em Espanha, teve de lidar com a duplicidade do general Franco, e a arrogância dos muitos Serranos Suñer que por lá andavam assim como com os sonhos expansionistas dos adeptos da Falange, que nós, portugueses fingimos sempre (que remédio…), não entender.

Quanto à experiência em terras brasileiras, à excepção da nossa comunidade sempre saudosa de Portugal, foi negativa do começo ao fim. Detestou o clima, a rua, as gentes. (Ao lê-lo, lembrei-me das cartas de António Feijó, enviadas do Brasil, ao Luís de Magalhães). Por outro lado, teve de arcar com uma campanha anti-portuguesa movida pela imprensa, os intelectuais, as autoridades, sem esquecer o Itamaraty.

Foram pouco mais de dois anos, mas saiu aliviado, e veio de lá esclarecido.

A diplomacia também é isso: uma escola da lucidez.

A Desoras: diário, excertos*

Há árvores que são floresta. Há homens que são multidão.

*

A morte estas semana do cineasta Bertrand Tavernier fez-me lembrar um dos seus filmes, por sinal dos mais antigos, Dimanche à la campagne.

Esqueci-me de tudo, menos da presença luminosa de Sabine Azéma, ruiva e risonha… Foi ela que me ficou na memória até hoje, sem ao certo saber porquê.

Os cineastas têm isso de comum com os escritores: recorda-se uma peça dentro de um conjunto, e essa reminiscência isolada permanece aos nossos olhos como a expressão da obra no seu todo.

Abuxarda, domingo, 11 de Abril de 2021

As palavras ditas pelo Charles, filho primogénito da rainha Isabel II, e seu sucessor, no passeio defronte de sua casa por ocasião do falecimento de seu pai, o Duque de Edimburgo, é uma síntese do melhor que oferece a civilização inglesa. Está lá tudo: a discrição com que o essencial foi enunciado; o tom adoptado, nem cerimonioso nem o seu contrário; a escolha das palavras, entre o familiar e a reserva protocolar que as circunstâncias impõem. Sabedoria e disciplina em doses exactas, que é já uma forma de elegância. E o mais implícito nisto tudo, presente à maneira de um cenário invisível.

Foi coisa de três minutos, se tanto, mas é em pormenores destes, e em momentos destes, que se espelha o melhor de uma nação. Sua intrínseca grandeza.

*

Entre crentes e descrentes, longe de uns e de outros, a meio caminho de tanta coisa que ficou por entender, como definir a nostalgia de Deus?...

Abuxarda, quinta-feirta 15 de Abril de 2021

No Centro Cultural de Cascais, exposição de fotografias de Vivian Maier (1925-2009).

O que seduz em tantas destas imagens é o seu lado não-profissional, a espontaneidade de um olhar ao mesmo tempo curioso e desprevenido – desapercebido seria mais exacto. A fotografia capta ao acaso das horas breves instantes banais, que uma vez fixados deixam de o ser. É um diário visual; uma peregrinação de emoções; um acumular de pormenores que trazem à tona o que morre à nossa volta e vai morrendo sem deixar rasto.

Esta Nova Iorque lembra, pelos seus instantâneos, a Lisboa fugidia de Gérard Castelo-Lopes. É a América dos anos Cinquenta próxima ainda das décadas anteriores, porque logo depois nasce uma outra América, já associada à modernidade criativa da presidência Kennedy. Esta coincide com o mandato presidencial de Eisenhower, as sequelas do Macarthismo, a guerra da Coreia, os primeiros sinais da sociedade de consumo em larga escala. Espaço intermédio ainda indefinido, tempo-fronteira a marcar sobretudo o fim de uma época mais do que o início de outra. Anos que consagram igualmente (sabemo-lo hoje), os grandes nomes da Geração Perdida, Hemingway, por exemplo, obtém o Nobel de Literatura em 1954.

Vivian Maier anda na rua, vê a rua, filma a rua, sua errância predilecta. Certos bairros são o seu estúdio, o seu habitat, a sua escola de vida, a sua terra-de-ninguém. E a fotografia – toda a fotografia é um filtro – a sua ligação à realidade que a envolve. Esta narrativa fotográfica é assim o relato de uma pessoalíssima obsessão: os passeios, os anúncios, as lojas, os carros estacionados e os carros que passam, rostos e perfis de uma sociedade de emigrados, gente remediada, universos a preto e branco, aqui e ali, uma certa pobreza com o seu quê de irremediável, sim, os anónimos constituem os principais protagonistas da sua lente, porque este é o mundo que lhe pertence, onde ela se sente em casa, conhecendo-lhe os ritos, segredos e vaivéns, que também são os seus. Questiona-se ao questionar a identidade alheia, e estas mil imagens compõem o melhor da sua autobiografia, não admira, pois, que o seu olhar reflicta uma mirada cúmplice. Sim, fotografar é ver a mesma coisa duas vezes, ou, melhor, descobrir o que à primeira vista nos escapa. É também, de certo modo, viver por procuração. No fundo, saber olhar é viajar.

A Desoras: diário, excertosE o mais aqui subjacente, porque esta Nova Iorque é também, para muitos de nós, o pano de fundo do filme negro norte-americano, estou-me a lembrar – não me perguntam porquê – do The Big Heat de Fritz Lang, com Glenn Ford, Gloria Grahame e o então ainda jovem Lee Marvin.

P.S. Moral da história: Vivian Maier, norte-americana, de mãe francesa e pai austríaco, nasce em Nova Iorque e morre em Chicago. Ignorada, e na miséria. Deixa, todavia, uma obra que ascende a 150.000 negativos. Também ela tinha o seu baú…

*

Três livros, três narrativas, três mundos. Uma autobiografia, umas memórias; um ensaio biográfico. Por junto, o que de melhor oferece a literatura de hoje.

Inside Story de Martin Amis é um repositório de confissões e admirações: duas ou três mulheres, dois ou três escritores, o poeta Philip Larkin (que as más-línguas dizem ser seu pai), o romancista norte-americano Saul Bellow, de que Amis é incondicional admirador, e finalmente o ensaísta e grande amigo Christopher Hitchens, controversa personalidade, iconoclasta cheio de certezas, que lhe morre praticamente nos braços numa clínica no Texas.

É um livro que parece escrito à pressa – tudo anotar para que nada se perca? – e, todavia, rico de experiências e ensinamentos, como se a verdade, sempre alhures, nos fugisse a cada instante das mãos. Escrever será retê-la?

Livro que uma vez terminado nos leva a querer percorrê-lo de novo, porque interroga, intriga e – como dizê-lo? – indispõe, já que algo em permanência nos escapa, à maneira de um perfil na sombra, de um vulto que se despede, de uma amizade por concluir. Gentes à janela dos comboios… Com que destino? Exílios e êxodos. Será isso? Ao fim e ao cabo, relê-lo é procurar perceber o porquê desta sensação de conversa interrompida.

Breve nota: tem sua piada ver estes eternos inconformistas cheios de sangue na guelra aos trinta anos, darem, de súbito, por si rodeados de destroços por todo o lado – o mundo emudeceu, e eles já são parte dos escombros.

Se alguma coisa o tempo nos ensina é que viver é viver sempre em vésperas de morrer.

O segundo é O Cavalo Vermelho do italiano Eugenio Corti, enorme êxito editorial, que narra a história de meia dúzia de amigos oriundos do Norte de Itália mobilizados em 1941 e chutados para a frente Leste, de onde a maior parte não voltará. Ferocidade de uma guerra de extermínio, sem mercê nem quartel, crueldades e desgraças sem nome.

Itinerários de toda uma geração, saga de um país, radiografia de uma época, que testemunhará também, anos depois, o renascimento da Itália. O milagre italiano do pós-guerra, entre caos e redenção.

Em definitivo, à semelhança de Lampesuda do Il Gattopardo, também Eugenio Corsi é homem de um só livro e este seu Il Cavalo Rosso o livro de uma vida.

Por fim, um ensaio sobre uma figura eminente e hoje ignorada da política francesa, Marie-France Garraud, que usufruiu de considerável influência nos tempos da presidência Pompidou (1969-1974), e, logo, depois, com Jacques Chirac, de quem também foi conselheira, quando aquele assumiu as funções de Primeiro-Ministro (1974-1976), coincidindo com os primeiros anos da presidência de Giscard d’Estaing. Aliás, o livro tem por título La Conseillière.

Acusada pelos seus inimigos – que os tinha em grande número – de ser uma intriguista de alto coturno, que fazia e desfazia carreiras, Marie-France Garraud, mulher de convicções e gaulista de antes quebrar que torcer, exerceu anos seguidos, e sempre nos bastidores, uma preponderância excepcional nos assuntos de Estado, colocada como esteve ao nível mais elevado da decisão política. Quer no palácio do Eliseu, próxima de Pompidou, quer, ulteriormente, em Matignon, junto do Primeiro-Ministro.

Silhueta austera, não obstante imensamente feminina no porte e no recorte da sua elegância, optou por deixar-se ficar na sombra, tanto por táctica como por gosto pessoal. Em determinadas situações, ser-se invisível é ser-se omnipresente. De qualquer modo, é gente desta estirpe que em posições de comando cimenta a ossatura de uma nação.

Eminência parda por excelência, Marie-France Garraud era, ao mesmo tempo, uma inteligência fria, impaciente e exaltada, a par de uma escritora de talento. De resto, senhora de retratos impiedosos, ficou célebre o de Chirac que, sob um lado fanfarrão, escondia um temperamento indeciso, permeável a toda a espécie de influências. Daí este traço mordaz, a que não é alheio algum ressentimento pessoal: “Julgava-o feito do mármore de que se edificam as estátuas; afinal, é da loiça de que se fazem os bidés.”

A Desoras: diário, excertosAntes, porém, desenhara um perfil mais matizado: “Chirac tinha charme. Um charme adolescente… A de um ser inacabado. O género de encanto que exerce uma tentação junto dos outros.”

Mais tarde, Marie-France, coerente consigo mesma, tomará publicamente posição contra Maastricht e candidatar-se-á presidência da República nas eleições presidenciais de 1981. Hoje, sofre de Alzheimer. Já não sabe quem é, ignora quem foi, sem sequer se dar conta de que é a primeira testemunha do seu próprio desaparecimento.

Três livros – de um inglês, de um italiano, de um francês – que narram três memórias diferentes, embora todas elas impregnadas deste espírito eminentemente perecível que é o da civilização europeia.

Abuxarda, quarta-feira, 10 de Novembro de 2021

Num diálogo em que um dos interlocutores sofre de Alzheimer, a pergunta é sempre a mesma: até onde vai a interiorização dos factos, nomes, circunstâncias? O que fica do que se esquece? Ou nada permanece desse entendimento, para lá de um murmúrio que logo se desvanece.

Os gestos são os mesmos, mas até que ponto resultam de um querer, ou apenas expressão de um automatismo que se repete? Onde está a vontade, - se vontade existe?... – ou será tudo somente mimetismo e aparência? É este progressivo desapossamento de nós mesmos o pior desta terrível doença. Bússola sem ponteiros, a vida afastou-se da vida, o tempo deixou de ter horas, e já não há regresso possível. Estar ausente não é estar alhures: é não estar.

Para todos os efeitos, trata-se de uma amputação, e aqueles que dela sofrem tornam-se irreconhecíveis. Aos olhos alheios e aos seus próprios. Subsistem, aqui e ali, é certo, vozes e perfis, mas são ecos longínquos que se confundem à maneira de antigas reminiscências por recompor.

Viver é tão-só sobreviver dia após dia, lento suicídio que se prolonga e, ao demorar-se, tudo esvazia à sua volta. Imensidão perdida, acumulada e perdida.

Pergunto-me: tudo esquecer não será também tudo redescobrir com renovado espanto? A cada passo e a cada instante? Porque tudo doravante é inédito. Ou não será assim?

Felizes os que chegam ao fim com o essencial da memória intacta, pois não morrerão sozinhos.

Sim, em definitivo, a perda da memória equivale à perdição da alma.

*

Relendo Alçada Baptista com alguma saudade. Reencontro-o igual à imagem que dele guardo: uma inteligência acolhedora, uma sensibilidade porosa, uma ironia velada de desencanto, e até uma certa forma de indecisão, consubstancial à sua honestidade intelectual.

Caso invulgar de alguém que, só por si, representou o espírito de uma época, tendo sido, no plano da cultura, a emblemática figura. A cavalo entre o marcelismo e os anos do pós-25 de Abril, Alçada foi esse cruzamento entre o campo e a cidade, de que soube sintetizar os méritos, e, do mesmo passo, ponto de convívio de amizades contrárias, pois tinha esse condão de fazer convergir o que, à partida, tendia a divergir.

A Desoras: diário, excertosOs seus livros, ou melhor, as suas infindáveis peregrinações, quase todas à volta da fé e das ideologias políticas –“Aconteceu-me assim que /…/ me perdi em tudo sem me fixar em nada” – ficarão como expressivas das interrogações desses tempos já sem certezas. Para o fim, marginalizado, deprimido, imensamente deprimido, deixou-se morrer, e, o que é terrível para quem houvera sido quem ele fora, morre isolado, já fora de jogo, como que excomungado de si mesmo e do seu próprio meio.

*

A repetida lentidão dos dias sempre iguais à nossa volta. Tempos de espera que connosco se vão despedindo, e que de nós também se despedem.

Estranho é esperar assim pelo fim, como se a morte já nos tivesse marcado encontro, sem ainda ter fixado a data.

*

A vaidade é nele desconcertante porque não é uma forma de petulância, mas de ingenuidade.

Abuxarda, domingo, 6 de Fevereiro de 2022

Elementos para a elaboração da novela Tarde Demais, o encontro entre Georges Bernanos e Stefan Zweig, ambos exilados no Brasil, onde Bernanos residia.

Esta foi a única ocasião em que estiveram juntos, pois pouco depois, em Fevereiro de 1942, Zweig suicida-se. Assinale-se, contudo, que no caso de Bernanos se trata de um expatriamento voluntário, que se inicia em meados de 1938, data em que ele abandona a França, rumo ao Brasil.

A ideia é por em confronto estes dois escritores (um pouco na senda do que fiz com Lenine e Gorki no Encontro em Capri), porquanto cada um a seu modo personifica determinado espírito europeu ante uma particular encruzilhada europeia, prenha de ressonâncias morais e políticas. Que fazer? Que decidir? Como reagir?

Zweig é sinónimo da Viena deslumbrante do início do século XX, criativa, artística, cosmopolita. Espírito aberto, Zweig é a sublimação de toda essa cultura, porque ele é ao mesmo tempo portador de uma herança e mensageiro dela.

Ao invés, Bernanos, sempre torrencial, é uma força da natureza, intempestivo, truculento, indignado (a indignação exprime o seu permanente estado de espírito), homem de convicções e de crenças, que assim melhor disfarça a extrema sensibilidade que é a sua.

Conciliador nato, Zweig é um optimista de boa fé e, por isso mesmo, uma alma desarmada perante a perversidade alheia que não entende, ou, melhor dito, que se recusa a aceitar e compreender. Quantas vezes o seu amigo Joseph Roth não terá procurado abrir-lhe os olhos sem verdadeira- mente o convencer. Acresce que Zweig é um passadista ao contrário de Bernanos que é um visionário. Para este, católico fervoroso, a religião é parte integrante da tragédia humana. Alma inquieta, nenhuma torpeza o surpreende.

Zweig, porém, é judeu e dir-se-á que só para o fim se terá apercebido da vulnerabilidade dessa sua condição, rodeado por uma Europa que o ostraciza e condena. Que o expulsa, depois de lhe queimar os livros. Uma Europa que renega o europeu que ele foi. E sempre quis ser.

Na boa tradição gaulesa, Bernanos, que em tempos foi leitor de Maurras e de Drumont, chegará a dizer em 1944 “Hitler desonrou o anti-semitismo”!

A Desoras: diário, excertosE, contudo, é Bernanos quem se insurge contra a repressão levada a cabo pelas forças franquistas em Palma de Maiorca, porque dela foi testemunha, nesse depoimento memorável Os grandes cemitérios sob a lua. Que junta a raiva e o desencanto de quem se sente traído pelos seus.

Diferentes são-no também na forma como enfrentam o exílio em terras brasileiras: para o francês, é um mero intervalo, que se quer fecundo, porque anunciador de novos desafios; para o austríaco, pelo contrário, trata-se de um desterro definitivo, porquanto Zweig tornou-se aos poucos num desistente e a nostalgia é agora o seu veneno. Para Bernanos que saiu de França de moto-próprio antes da guerra, a passagem e permanência no Brasil reduz-se a um pessoalíssimo reencontro. Mais do que uma espera, é um armazenar de forças, um alargar de horizontes. Sim, um tempo de vésperas.

Ao invés, para Zweig, a chegada ao Brasil – último abrigo para quem pelo caminho perdera todos os outros – equivale a um primeiro suicídio. Para todos efeito, corresponde a uma derrota. Na verdade, o desaparecimento de Joseph Roth, amigo de sempre que na prática se deixa morrer e como um miserável morre num hospital em Paris, junto ao falecimento em Londres de Freud, constituem como que o anúncio da sua própria partida, da sua iminente partida, só lhe resta segui-los. Os últimos escritos já estão concluídos e as malas, essas, ficarão por fazer…Morrerá póstumo a si mesmo.

No fundo, a partir de determinada situação social, aquilo que diferencia os homens não é tanto o grau de inteligência, cultura ou vivên- cias pessoais, mas, sim, a sensibilidade intelectual de cada um. Embora difícil de definir, porque eminentemente porosa, é ela, todavia, que se revela determinante no entendimento das coisas à nossa volta, nas opções adoptadas, nas atitudes assumidas. É um filtro que se apura com o tempo a ponto de se tornar inerente à nossa identidade.


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