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Adam Smith - Entre os Sentimentos Morais e a Riqueza das Nações


Adam Smith

Será que é possível biografar alguém que não quer ser biografado?

Nicholas Phillipson
Adam Smith
Uma vida iluminada

Texto Editores, 2012

por Orlando SamõesOrlando Samões

Assistente do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa

É provável que Adam Smith nunca tenha imaginado que viria a ser conhecido como uma espécie de pai da economia moderna. Dedicado Professor de Filosofia Moral e um discreto diretor de alfândega no final da vida, fazem do autor que mais meditou e escreveu sobre o tema da simpatia e da divisão do trabalho uma personagem cativante e caleidoscópica do seu tempo. As peripécias envolvidas na forma atabalhoada como Adam Smith foi parar precisamente à regência da Cadeira de Filosofia Moral em 1752, depois de ter sido anunciado para a Cadeira de Lógica um ano antes, assim como a morte, em Lisboa, do primeiro sucessor de Hutchenson na Cadeira de Moral, Thomas Craigie, estão muito bem tratadas por Phillipson. Mas mais interessante foi esta biografia ter tentado olhar também para as funções burocráticas que Adam Smith teve durante o período em que foi Professor, nomeadamente, o seu cargo de bibliotecário. É hilariante que uma das primeiras compras (e a de maior valor!) que Smith fez com o orçamento da biblioteca tenha sido os sete volumes da Encyclopédie dos ‘Iluministas’ franceses.

Nicholas Phillipson, historiador e investigador, vive em Edinburgo, e é um dos maiores especialistas em história da Escócia do século XVIII. A maioria dos seus trabalhos versa sobre o estudo da política e da politeness escocesa desse século. Ele contribuiu ainda para o duro diálogo que se tem projectado entre o binómio “Riqueza e Virtude”, mesmo no nervo da polémica entre o comércio livre e a polidez das regras morais, e que o obrigaram a ter de agarrar Adam Smith de frente1. O facto mais curioso deste trabalho de Phillipson é precisamente a coragem que acarreta. Entrar no círculo apertado dos biógrafos de Adam Smith era uma missão que se julgava praticamente impossível. Ter o impacto comercial que Adam Smith Uma Vida Iluminada2 está a obter é também por isso absolutamente espantoso.

Entrar no círculo apertado dos biógrafos de Adam Smith era uma missão que se julgava praticamente impossível

Dugald Stewart deu-nos algumas linhas sobre a vida e pensamento deste enigmático autor, mas tinha privado com ele nos seus últimos anos de vida e pode ficar com os Ensaios de Adam Smith, escritos pelo punho do próprio, para edições póstumas. Mais tarde, para John Rae, ficou o trabalho de perceber melhor a vida de Smith no seu conjunto, desde o nascimento até à morte. A Vida de Adam Smith, de Rae (1895, Londres), centra-se nos meios literários de Londres e Edinburgo mas consegue dar indicações sobre esses assuntos da vida de Smith sem grande extrapolação (na medida do possível). Demorou por isso mais um século até que Ian Ross (The Life Of Adam Smith, Oxford, 1995) voltasse a ler as cartas escaparam à destruição e para os poucos materiais disponíveis. Esta biografia de Ross, que tem sido o livro de referência neste assunto, ocupa-se da vida de Adam Smith em si e num grau de detalhe algo impressionante, vistas as dificuldades em estudar a vida de alguém que não queria que se soubesse mais do que aquilo que publicou, que pediu para que na sua lápide apenas constasse que tinha sido o “autor de A Teoria dos Sentimentos Morais e Riqueza da Nações”, nada mais. E, que durante a vida nunca tomou a iniciativa de permitir aos artistas da época que lhe pintassem o retrato, como era normal na altura. Este pensador mandou queimar todas as suas cartas antes de morrer a 17 de Julho de 1790, pediu ainda ao geologista James Hutton e ao químico Joseph Black que queimassem os seus manuscritos. Fala-se que estes seus amigos pegaram fogo a vários volumes manuscritos – de 16 a 18, dependendo das fontes3 – entre os quais estariam versões do livro sobre jurisprudência, as lições sobre retórica e literatura em que Adam Smith trabalhou enquanto tutor, e, entre outros títulos mais disputáveis está ainda um livro de comentário ao Do Espírito das Leis de Montesquieu, manual com o qual, aliás, dava as suas próprias aulas e tutorias4. Ainda que, segundo Phillipson, ele por vezes saltasse de propósito os capítulos onde Montesquieu introduzia elementos da moderação aristocrática, e isto mesmo nas tutorias dos seus pupilos aristocratas. Para Phillipson, a lista dos livros queimados a pedido deverá conter e acrescentar “uma espécie de História Filosófica de todos os diferentes segmentos de Literatura, de Filosofia, de Poema e Eloquência” assim com “uma espécie de teoria e História do Direito e do Governo” que o próprio Smith tinha dito estar “tolerável” em 1785 (p. 3). Restaram pois os 7 ensaios editados com o título Ensaios em Assuntos Filosóficos em 1794-5.

Adam Smith - Entre os Sentimentos Morais e a Riqueza das NaçõesMas que Adam Smith tenha preferido não deixar rasto, que tenha tido pouco gosto pela vida citadina, ou que tenha preferido estar em restritos grupos de amigos preterindo os salões culturais da época, não indica que não queira ser alvo de uma biografia. É por aqui que Phillipson entra em cena, e porque está atribuída a Smith, nas suas Palestras em Retórica, a expressão que ele muito terá dito aos seus alunos: ‘le style, c’est l’homme même’. Ora, no nosso caso, se o estilo é o próprio Adam Smith, a melhor biografia não poderá ser a tradicional discorreia de dias e actividades do biografado, que Rae e Ross tanto forçaram para alcançar. Adam Smith, para Phillipson, gostaria que quem estudasse a sua vida olhasse para aquilo que ele nos quis deixar. Por isso, “A sua biografia deverá ser, primeiro que tudo, uma biografia intelectual”, sublinha logo a começar. Quer dizer, os traços de personalidade que contam neste contexto serão a própria maneira de pensar de Adam Smith. Em vez de entrar nas eternas quezilias em torno do dia em que Adam Smith fez ou não fez isto ou aquilo, o biógrafo passa à frente e tenta perscrutar a relação dada pela história e as obras publicadas por Smith. Quem conhece os anteriores biografos pode ficar com a impressão que Phillipson é menos pormenorizado do que poderia ou que os anteriores biografos preencheram as lacunas com recurso a fontes mais duvidosas. Mas é tudo uma questão de estilo. Por exemplo, sobre a complicação em torno da data de nascimento de Smith, nem uma linha a arriscar outra data qualquer que não a mais conhecida. Logo a abrir o livro, explica: “Adam Smith nasceu, ou foi baptizado, no dia 5 de Junho de 1723”. Em relação à estranha estória do seu rapto em criança, que tanto entretem especulações, uma linha basta: foi raptado nos primeiros anos de vida, numa feira, mas rápidamente foi recuperado pela família. Ponto final. A novidade deste biógrafo é também a facilidade com que admite o desconhecimento dos factos. Sobre os 6 anos que Smith esteve em Oxford: “as aulas a que assistiu, ou até mesmo o nome do tutor, são desconhecidos” (p. 59). Sobre as aulas de retória que Smith deu (1748) em Edinburgo: o local “onde as aulas foram dadas permanece um mistério” (p. 89). E por aí em diante.

A abordagem de Phillipson baseia-se em focar melhor os traços que já conheciamos, salientando os mais importantes para o resultado obtido por Adam Smith. O facto de David Miller ter sido escolhido, em 1724, para dirigir a escola em que Adam Smith andou pode ter uma enorme significancia. Miller pensava que a melhor forma de ensinar os pupilos passava por recorrer a peças de teatro. Ele até escreveu a sua própria peça, ensaiou-a em 1734, e provavelmente Adam Smith participou nela. Mas Miller era ainda mais audaz, convocando os seus alunos para leituras clássicas de âmbito moral: Enchiridion de Epictetus, De Officiis de Cícero e, “provavelmente”, diz Phillipson, os ensaios Spectator de Addison e Steele faziam parte do programa. A onda quasi-estóica e o recurso teatral aos espectadores estariam assim na matriz do pequeno Adam desde 1731 ou 1732. Elementos hoje considerados como sendo a chave do seu discurso.

Mas o “momento mais importante na formação desta nova cultura académica”, está, para Phillipson, na atribuição a Francis Hutchenson da cadeira de Filosofia Moral em 1729, na Universidade de Glasgow. Este «radical Whig», conhecido por ser muito tolerante nas suas atitutes quanto à religião, e acima de tudo, extremamente «trabalhador», «imaginativo», seria o primeiro Professor a abandonar as aulas em Latin. O seu colega William Leechman viria a sublinhar outros aspectos que determinavam um corte com o passado e que permitiam conhecer melhor Hutchenson: a Filosofia Moral, a partir de agora, diria respeito a um ‘entusiasmo racional pelos interesses da aprendizagem, da liberdade, da religião, da virtude e da felicidade’.

O sucesso da mudança de Hutchenson terá atraido, segundo Phillipson, a mãe de Adam Smith no momento da ponderação quanto à universidade onde colocar o seu filho. E, muito embora tenha sido o Professor Loudon a dar-lhe entrada na Universidade, Adam Smith terá reparado desde logo as profundas contradições entre a Lógica de Loudon e a cadeira de ‘Pneumática’ de Hutchenson. Para Phillipson, Hutchenson estaria a trabalhar numa agenda de grelha parecida com a que foi introduzida por Samuel von Pufendorf, pelo menos na forma de tentar desfiar entre os conhecimentos que dizem respeito aos governos, distingindo-os dos que tratam da lei natural e ainda daqueles que versam sobre a natureza humana. Parece-lhe que Pufendorf dividiu as coisas de maneira interessante, mas não deixou de seguir o rasto de Hobbes e continuar a dar alento a um conjunto de “medos isolacionistas”, baseados numa pretença propensão que os homens teriam para a querela. O Hutchenson de Phillipson representa a parte sociável de grande parte das nossas paixões individuais. Afinal “a sociabilidade” que vamos observando entre os homens tem de ter, também ela, “raízes profundas nos princípios da natureza humana”. Sendo certo que instintos oportunistas e egoistas habitam em nós, a questão trazida por esta nova escola viria a firmar que estes impulsos não estão sozinhos: há simpatia. Este biógrafo apresenta a linha de Hutchenson, em parte tomada por Smith, como uma tentativa de arrepiar caminho contra o «irritante» contributo do inglês Mandeville, filosofo que estava a tornar-se difícil de ignorar, e para quem todos os atos humanos seriam sempre autocentrados.

Adam Smith - Entre os Sentimentos Morais e a Riqueza das NaçõesAdam Smith viria de facto a apelidar Hutchenson como “aquele que nunca deverá ser esquecido”, e é um profundo devedor de todo um novo estilo de pensar a filosofia moral. Para Phillipson, contudo, Hutchenson ficou longe de ser a maior referência intelectual de Smith. É que para resolver a trama de Mandeville, explica, Hutchenson terá apontado a Smith o estudo da “interacção social tal como é experienciado na vida do dia-a-dia”, arriscando dizer que Smith não terá achado esta ideia suficiente. David Hume é então apresentado ao longo da exposição como sendo, claramente, a maior influência de Adam Smith. O encontro entre os dois significa mesmo muito: “o momento decisivo do seu desenvolvimento intelectual” (p. 64). Francis Hutchenson, estaria propositadamente ausente na Riqueza das Nações, obra escrita, grosso modo, entre 1767 e 1773, altura em que se vincava uma suposta ruptura. Phillipson dedica um capítulo ao primeiro livro de Adam Smith, A Teoria dos Sentimentos Morais, e dois ao segundo livro. Aqui descreve com pormenor a forma como se procedeu à edição em termos formais, os tamanhos escolhidos para os livros, pagamentos, preços e as primeiras reacções. Segundo Phillipson e contrariamente ao que poderiamos pensar, a primeira edição da Teoria dos Sentimentos Morais teve uma tiragem superior à primeira tiragem da Riqueza das Nações (“1000” contra “cerca de 750”) e esgotou muito antes de chegar às livrarias. Adam Smith começou a preparar a segunda edição antes dos compradores terem lido a primeira.

Numa frase, A Teoria dos Sentimentos Morais é para Phillipson uma forma de acalmar o «desespero» de Rousseau e o «cinismo» de Mandeville (p. 148). Em relação à Riqueza das Nações, Phillipson captura, e a bem da verdade, que Adam Smith seria bastante avesso ao risco, criticando os projectos megalomanos e alertando para os perigos das falências por imprudência. Adam Smith, leitor atento do Tratado sobre a Natureza Humana, daria assim uma das continuidades possíveis a esta obra de Hume. O Smith de Phillipson teria-se tornado um ‘Humeanista’ muito novo, durante o seu tempo em Oxford (1740-6), cabendo-lhe a tarefa de esboçar a ‘Ciência do Homem’ ao longo da sua vida e através dos seus dois livros. Enquanto caberia ao próprio David Hume escrever sobre a outra vertente que o Tratado exigira, desta feita sobre as raízes históricas da cultura moral e política da Inglaterra, o que teria sido alcançado na obra História de Inglaterra (p. 69-71)

Numa frase, A Teoria dos Sentimentos Morais é para Phillipson uma forma de acalmar o «desespero» de Rousseau e o «cinismo» de Mandeville

Esta versão dos acontecimentos é muito interessante e conveniente do ponto de vista de quem estuda a vida de Adam Smith. A ser verdade justificaria bem que “A Morte de David Hume” fosse o 12º dos 13 Capítulos do Livro, servindo quase de conclusão. A morte do próprio biografado é assumidamente menos importante! O problema é que os últimos anos de vida de Smith ocupam literalmente o derradeiro capítulo, que, poderia ter complicado as contas de Phillipson. Adam Smith passa os últimos folegos a burilar a Teoria dos Sentimentos Morais e não a Riqueza das Nações. Mais complidado foi ter feito numa nova parte completa, que pediu expressamente que fosse a Sexta (e não a Sétima), num livro que já tinha Seis partes. A esta nova parte, que tanto lhe custou, ele chamou: “O Caracter da Virtude”. Estas páginas derradeiras não devem ser ignoradas. Elas podem ter comprometido os restantes livros que Adam Smith dizia ter na “Bigorna”5, quase prontos, e que seriam os tais restantes livros do “Sistema” que procurava.

Mas sobre este assunto Phillipson escreve menos, sublinhando que aquilo que mais estava a preocupar Smith seria o caracter cada vez mais “faccioso” da “vida política e religiosa”, e que por isso ele acabou a vida escrevendo as diferenças entre aquilo que chamou o “homem de sistema”, que criticava, e o “homem de espírito público”, que elogiava. E conclui, dizendo apenas, que, “no final, Smith estava voltando às suas raízes intelectuais para demonstrar que num mundo moderno reconhecemos a virtude como sendo uma qualidade construída sobre a prudência, a beneficência e um entendimento baseado em Hume acerca princípios da natureza humana” (p. 274, itálico meu).

Embora absolutamente correto quanto a estas ideias, Phillipson podia ter aflorado mais a questão da simpatia, das regras de conveniência (propriety) e do espectador imparcial, noção que diz estar mais focada apenas nas “primeiras” edições de A Teoria dos Sentimentos Morais (TMS), mas que, na realidade, pode até ter sido uma preocupação crescente na mente de Smith. Sobre este tema, note-se que quando Adam Smith descreve os vários entendimentos daquilo que é virtude, passando por Clarke e Shaftesbury; por Epicuros (prudência); por Hutchenson (benevolência); ele termina de facto em David Hume6 (TMS.VII.ii.3.18) e aproxima-se dele: “O sistema que coloca a virtude como sendo utilidade, também coincide com aquele que a coloca na conveniência (propriety)”. Sendo o primeiro candidato, a utilidade, o caso particular de David Hume7. Mas logo depois esclarece o seguinte:

(…) “entre isto e aquilo que eu [Adam Smith] estou a esforçar-me para obter, é que isto [o sistema da utilidade, David Hume] faz da utilidade e não da simpatia ou da correspondente afeição do espectador, a medida do que é apropriado” (Idem, à Sexta Edição consta: “medida original e natural do que é apropriado”). Pelo que, nas palavras finais, não me parece que Adam Smith subscreva Hume inteiramente. Há uma diferença, que embora «única» lhe é fundamental: utilidade não é simpatia.

Que Adam Smith teve “Uma Vida Ilumidada”, certamente que sim, mas como se vê ajudou-o muito fazer parte num diálogo que uma geração – absolutamente brilhante – de escoceses e irlandeses travou durante cerca de meio século, algures talvez entre 1739 e 1790. Florescentes anos em que se debateram e publicaram as mais profundas reflexões sobre os governos e a natureza humana. Entretanto Phillipson já publicou uma biografia de David Hume, mais ou menos enquanto a de Adam Smith estava a ser traduzida para português. A julgar pelas questões levantadas neste trabalho sobre o primeiro autor, este deverá ser mais um livro a ler com toda a atenção.

1 Phillipson, Nicholas, «Adam Smith as a civic moralist», in Wealth and Virtue – The Shaping of Political Economy in the Scottish Enlightenment, Edited by Michael Ignatieff and Istvan Hont, Cambridge University Press, 1983, pp. 179-202.
2 Phillipson, Nicholas, Adam Smith – An Enlightened Life, Penguin Books, 2011 (1st ed. 2010).
3 Ver Ross, Ian, A Vida de Adam Smith, tradução portuguesa, 1999 (1st ed. 1995), p. 534, ou ver Rae, John, Life of Adam Smith (1st ed. 1895), with an introductory guide to John Rae’s Life of Adam Smith’ by Jacob Viner, New York: Kelley, 1965, p. 436.
4 Sobre a perspectiva da vida escolar de Smith existe ainda uma outra obra de referência: Scott, W. R., Adam Smith as Student and Professor (Glasgow, 1937).
5 Ver Carta 248, para Le Duc de La Rochefoucauld, in Correspondence of Adam Smith (1st edition: Oxford University Press, 1977), Mossner, Ernest C. and Ross, Ian S., Liberty Fund, Indianapolis, 1987, p. 287.
6 Ver Raphael, D. D., The Impartial Spectator – Adam Smith’s Moral Philosophy, Clarendon Press, Oxford, 2007, pp. 70-1.
7 Ver em A Teoria dos Sentimentos Morais, por exemplo, em TMS.IV.2.3, que a utilidade é, para Smith, o critério de Hume.


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