• +351 217 214 129
  • This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.

José Manuel Durão Barroso

José Manuel Durão Barroso

Antigo Primeiro-Ministro, Antigo Presidente da Comissão Europeia e Diretor do Centro de Estudos Europeus do IEP

O que está em causa é muito mais do que a defesa e a cooperação militar é pertencermos a um modelo de civilização que foi defendido por Churchill e por tantos outros, que é aquele em que a liberdade vem primeiro.

Senhora Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Prof. Isabel Capeloa Gil. Senhor Director do Instituto de Estudos Políticos, Prof. João Carlos Espada, Senhor Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, Senhor Embaixador do Reino Unido, Senhor Presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos, Pedro Coelho, Membros da Assembleia Regional, Autarcas, Professores e Colegas da Universidade Católica e outras Universidades, minhas senhoras e meus senhores, caros amigos.

Churchill navegava há apenas quatro dias, em direcção à Colónia do Cabo, na África do Sul. Era, na altura, um jovem correspondente de guerra, com 24 anos e ansioso para cobrir o conflito entre os colonos britânicos e holandeses bóeres do Transvaal e do Estado Livre. Sabemos que ele deve ter ficado muito aliviado ao chegar aqui. Em primeiro lugar, porque tinha navegado por ‘tempestades cinzentas’ e sofrido enjoos, antes da chegada e, em segundo lugar, porque, naqueles tempos distantes, os navios não tinham wireless e a Madeira significava contacto com o mundo exterior e oportunidade de receber notícias e enviar cartas.

Muito obrigado por este convite que muito me sensibilizou, sobretudo por ser aqui na Madeira a que estou tão ligado há tan- tos anos e acho que foi uma magnífica iniciativa do Presidente do Governo Regional, bem como da Universidade Católica e outras instituições, a de prestarem homenagem à memória desse invulgar e extraordinário estadista que foi Winston Churchill e também às ligações tão especiais que agora comemoramos através da Aliança entre Portugal e a Inglaterra que tem já tantos séculos. É, portanto, nesta ocasião e neste local que me sinto bem a falar sobre um assunto que acompa- nho há muito tempo: a Aliança Euro-Atlântica.

Allen Packwood

Allen Packwood

Director, Churchill Archives Centre, Churchill College, Cambridge

Como gostava do sol, gostava de fugir do clima frio e nublado da Inglaterra no inverno.

Sabemos que Churchill visitou esta bela ilha duas vezes. A primeira vez foi em Outubro de 1899, quando chegou, a bordo do SS Dunnotar Castle. Churchill navegava há apenas quatro dias, em direcção à Colónia do Cabo, na África do Sul. Era, na altura, um jovem correspondente de guerra, com 24 anos e ansioso para cobrir o conflito entre os colonos britânicos e holandeses bóeres do Transvaal e do Estado Livre. Sabemos que ele deve ter ficado muito aliviado ao chegar aqui. Em primeiro lugar, porque tinha navegado por ‘tempestades cinzentas’ e sofrido enjoos, antes da chegada e, em segundo lugar, porque, naqueles tempos distantes, os navios não tinham wireless e a Madeira significava contacto com o mundo exterior e oportunidade de receber notícias e enviar cartas.

Há também, no nosso arquivo, uma prova tentadora de que Churchill planeava passar o Natal de 1928 aqui na Madeira. Tinha, na altura, 54 anos e era o Conservative Chancellor of the Exchequer, o ministro encarregado das finanças, no governo de Stanley Baldwin. O seu secretário particular, Eddie Marsh, enviou uma carta simples à Blue Star Line em 7 de novembro, informando-os de que Churchill fora “relutantemente obrigado a abandonar a ideia”. Provavelmente porque precisava se concentrar nas eleições gerais britânicas que aconteceriam na Primavera.

James W. Muller

James W. Muller

Presidente do International Churchill Society Academic Advisers; Professor, University of Alaska, Anchorage

Como gostava do sol, gostava de fugir do clima frio e nublado da Inglaterra no inverno.

Presidente Albuquerque, Presidente Coelho, Vice-Presidente Silva, Professor Espada, Professora Dias, Senhoras e Senhores,

Obrigado pelas calorosas boas-vindas dadas a mim e à minha mulher Judith. Chegámos ontem à tarde. O jovem Winston Churchill avistou pela primeira vez esta bela ilha portuguesa na costa da África quando tinha vinte e quatro anos, em Outubro de 1899. Ele tinha acabado de escrever o seu segundo livro sobre a reconquista britânica do Sudão, na qual lutou como jovem oficial de cavalaria e de onde enviou para casa despachos que foram publicados no jornal Morning Post, em Londres.

Após a campanha, ele pediu demissão do exército e trabalhou durante um ano inteiro no livro, a que chamou de The River War. Seria publicado em dois volumes no início de novembro. Mas antes que pudesse ver seu livro impresso, aceitou uma oferta do Morning Post para relatar a guerra da Grã-Bretanha com os bóeres, que acabara de ser retomada na África do Sul.

Miguel Albuquerque

Miguel Albuquerque

Presidente do Governo Regional da Madeira

Churchill não era um homem comum, era um homem que tinha uma energia mental e física extraordinária e fora do comum

Senhora Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, Senhor Embaixador do Reino Unido, Senhor Presidente da Câmara Municipal, Senhor Professor João Carlos Espada, Senhores Professores James Muller, Allen Packwood and Edward Godfrey, devo dizer que é uma honra re- ceber-vos aqui na Madeira, e espero que desfrutem da vossa estadia, Distintos convidados, Senhoras e senhores,

Em primeiro lugar tenho que agradecer calorosamente ao ilustre amigo João Carlos Espada, pelo seu empenho e entusias- mo na concretização destas conferências. Desde há alguns anos, e sobretudo antes do Covid, tínhamos falado na necessidade de a Madeira, e em particular Câmara de Lobos, terem aqui uma con- ferência internacional dedicada ao tema do Atlântico — quem anunciou a morte do Atlântico anunciou, aliás, uma morte pre- matura, parece que isso não está a acontecer — e sobre a neces- sidade de reflectirmos em termos geopolíticos sobre a questão atlântica e sobre o papel das potências médias e do Atlântico na nova geopolítica mundial.

Agradeço igualmente aos ilustres oradores convidados a sua disponibilidade para participarem nestas conferências sendo certo que vão receber aqui na Madeira a nossa hospitalidade e tudo irá correr da melhor forma.

Foi neste cenário maravilhoso, idílico, da baía de Câmara de Lobos que um dos maiores vultos políticos da história do nosso tempo esteve o tempo necessário para pintar um ou dois quadros, e foi fotografado - numa ilustre fotografia - por um fotógrafo da família Perestrelo. Quando cheguei à Câmara, há muitos anos, em 1994, esse era ainda o fotógrafo oficial da Câmara Municipal do Funchal, e com ele tive o prazer de conviver.

João Carlos Espada

João Carlos Espada

Director, IEP-UCP

Estamos hoje aqui a celebrar várias efemérides surpreendentemente convergentes.

Senhor Presidente do Governo Regional da Madeira, Excelência; Senhor Embaixador do Reino Unido em Portugal; Senhor Presidente da Câmara Municipal de Câmara de Lobos; Senhor Dr. José Manuel Durão Barroso; Senhores Professores James Muller e Allen Packwood; Distintos convidados, Senhoras e Senhores,

Estamos hoje aqui, nesta Conferência do Atlântico na Madeira, a celebrar várias efemérides surpreendentemente convergentes.

Em primeiro lugar, certamente, celebramos a visita de Winston Churchill à Madeira, em Janeiro de 1950 — quando ficou hospedado com sua mulher, Clementine, no Reid’s Hotel, onde ainda hoje perdura a “Churchill suite”. Foi durante essa visita que Churchill veio até aqui, a Câmara de Lobos, para pintar imagens da Baía onde agora se encontra o Churchill’s Bay Hotel.

O nosso anfitrião nesta Conferência — Miguel Albuquerque, Presidente do Governo Regional da Madeira — publicou em 2018 um livro notável sobre essa visita de Churchill (Churchill na/ in Madeira, Edição bilingue, Aletheia Editores, 2018). Recordou ele que Churchill era então apenas o líder da Leal Oposição Conservadora ao Governo Trabalhista de Clement Attlee, que tinha sido seu Vice Primeiro-Ministro no Governo de coligação nacional — que Churchill liderara durante a II Guerra, entre 1940 e 1945. A verdade é que Churchill, tendo liderado a vitória britânica sobre o nazismo em 8 Maio de 1945, perdera logo a seguir as eleições parlamentares de 5 de Julho desse mesmo ano, a favor do líder trabalhista.

Please publish modules in offcanvas position.