A revisitação dos totalitarismos e o problema da memória parcial
José Manuel Sardica
Professor, Faculdade de Ciências Humanas e Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa
No século XX houve muitas ditaduras e ditadores, alguns fascismos, mas somente dois totalitarismos, o alemão e o soviético.
Depois de um curto século XX que foi uma “Era dos Extremos”, o século XXI já se tornou, porventura, uma era de incerteza, traduzida em crise e desânimo, radicalismo e contestação – mesmo antes de a anormalidade pandémica ter vindo exacerbar sentimentos de perda que já minavam as certezas da globalização ou os confortos oferecidos pela democracia e pelas liberdades que lhe são conexas.
Na frente política, as fissuras abertas na credibilidade e na solidez das democracias têm vindo a alimentar populismos vociferantes e transmutações iliberais em alguns países ou zonas do mundo, produzidos tanto por direitas securitárias como por esquerdas politicamente corretas. O espetro do regresso das ditaduras por via dos “neos” (o “neofascismo” é o exemplo mais corrente) parece espreitar, se não a cada eleição, pelo menos a cada sobressalto económico, social, de saúde pública ou de tensão internacional. A cacofonia de conceitos, porém, não ajuda ao rigor terminológico e a uma reflexão mais sábia e ponderada do que realmente está em causa, do quanto um presente espúrio canibaliza sombras do passado ou, pelo contrário, produz fenómenos novos, que precisam de novas grelhas de avaliação.
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