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Catherine Marshall

Catherine Marshall

Diretora do centro de investigação AGORA. Diretora do MA em Ideias Políticas na Era Democrática, Cergy-Paris Université, Paris.

Tradução Jorge Miguel Teixeira

 

O tópico da democracia na era digital é presciente num ano de eleições nos Estados Unidos quando, com a crise do COVID, um conjunto de questões está a ser feito sobre o uso dos dados privados dos cidadãos. Mais uma vez, encontramo-nos numa situação delicada no que toca ao futuro dos direitos democráticos que damos por garantidos.

Em 2016, enquanto trabalhava num livro sobre o conceito de deferência política na era democrática, sucederam-se dois grandes eventos de que todos nos lembramos: o Brexit em junho e a eleição de Donald Trump em novembro. Talvez seja um cliché dizê-lo desta maneira, mas ambos forçaram-me a repensar o livro que escrevia então – e que estou a finalizar este verão – e o meu papel enquanto académica no mundo atual.

Em ambos os momentos, olhei para o desenrolar dos eventos sabendo que as democracias ocidentais haviam sido atingidas por dois grandes eventos que teriam um impacto no futuro, um impacto que não seria para melhor, pensei. Na primavera de 2016, tinha vindo a seguir a campanha do Brexit com os meus estudantes, trabalhando com eles sobre a habilidade da campanha do Leave de capturar o poder dos pequenos slogans – ‘Let’s take back control’ – e publicidade política visualmente forte, mas não tinha compreendido que algo de muito mais poderoso estava a acontecer online, fora do alcance da forma tradicional de fazer política e fora do alcance de académicos como eu. A eleição de Trump, em novembro de 2016, bem como o seu uso desinibido do Twitter, foi uma chamada de atenção. Uma mudança cultural estava a suceder-se nas democracias ocidentais.

David E. Lowe Michael Allen

David E. Lowe

Autor de Touched with Fire: Morris B. Abram and the Battle Against Racial and Religious Discrimination (Potomac Books, 2019)

Michael Allen

Editor da Democracy Digest

Tradução Jorge Miguel Teixeira

O Congresso pela Liberdade Cultural e o Poder das Ideias

Há 70 anos, personalidades liderantes do mundo livre reuniram-se em Berlim para responder aos esforço soviético de descredibilização dos valores liberais. O que podem os seus esforços ensinar-nos hoje?

Costuma-se afirmar hoje que vivemos em tempos de crise sem precedentes. O autocratismo encontra-se em resurgência, de uma forma territorialmente expansionista e ideologicamente assertiva, enquanto que o Ocidente liberal e democrático apresenta-se ansioso, tímido, dividido e repleto de forças iliberais que alinham frequentemente com os detratores autoritários do Ocidente. Foi em circunstâncias semelhantes, embora possivelmente mais desafiantes, que neste preciso mês, há 70 anos, 200 intelectuais da Europa e dos Estados Unidos se juntaram no Tatiana Palace, em Berlim, para lançar uma contraofensiva aos esforços cada vez mais agressivos da União Soviética para desafiar e desacreditar os valores liberais Ocidentais. O Congresso para a Liberdade Cultural (CCF) que daí resultou desem- penhou um papel fulcral na Guerra Fria ideológica, inicialmente enquanto veículo de ‘’contenção’’ ideológica – uma contraparte política e cultural do Marshall Plan – e mais tarde enquanto protagonista central numa Kulturkampf além-fronteiras que ajudou a determinar a forma dos valores e visões de uma geração do pós-guerra.

António Monteiro

Embaixador

Restituir ao povo timorense o direito a dispor do seu próprio destino.

Na tarde de 5 de Maio de 1999, os Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal e da Indonésia e o Secretário-Geral das Nações Unidas assinaram três acordos nos termos dos quais o povo de Timor votaria, em Agosto seguinte, contra ou a favor de um estatuto especial de autonomia para o Território apresentado pelo Governo Indonésio. Em caso de rejeição desse estatuto, os timorenses iniciariam o caminho para a independência.

Dois dias depois, a 7 de Maio, o Conselho de Segurança adoptava uma resolução (1236), endossando os acordos e autorizando o Secretário-Geral a estabelecer “uma presença das Nações Unidas em Timor-Leste”, tomando nota das preocupações expressas no relatório do Secretário-Geral a respeito da situação de segurança em Timor-Leste (último parágrafo preambular dessa resolução que ia ao encontro da relutância portuguesa em aceitar a responsabilidade exclusiva da Indonésia quanto à segurança do território).

Era o desfecho, para muitos inesperado, de uma questão que “dormia” há mais de 20 anos na agenda do Conselho de Segurança, praticamente desde que o território fora invadido e ocupado pela Indonésia, interrompendo o seu processo de auto-determinação.

José Ramos-Horta

Ex-Presidente de Timor Leste, Nobel da Paz

 

Tive o privilégio de conhecer todos os Chefes de Diplomacia Portugueses desde 1975/76 até o desfecho feliz na noite de 20 de Maio de 2002 quando a bandeira de Timor-Leste foi hasteada. Conheci Presidentes, Primeiros Ministros, Deputados, personalidades públicas, privadas, pessoas de todos os quadrantes políticos.

Todos, sem exceção, desde os Chefes de Estado e de Governo assim como os Chefes de Diplomacia, em cada fase da situação, em cada conjuntura política Portuguesa, Europeia e mundial, fizeram o que puderam para não deixar morrer a questão de Timor-Leste na agenda internacional.

Tenho como um projecto a preparação de um livro sobre a Diplomacia Portuguesa e a questão de Timor-Leste, um tributo e reconhecimento devidos a Portugal pelo muito que Portugal e Portugueses contribuíram para aquela noite de emoção e alegria incontidas quando perante a Presidente Megawati Sukarnoputri da Indonesia a bandeira da República Democrática de Timor-Leste foi hasteada ao soar da meia-noite de 20 de Maio de 2002.

Kay Rala Xanana Gusmão

Primeiro-Ministro e Ex-Presidente da República Democrática de Timor-Leste

Um Líder Lusófono para o Desenvolvimento Global

O período que agora se encerra com o termo dos dois mandatos em que o Dr. Durão Barroso desempenhou funções como Presidente da Comissão Europeia foi marcado por grandes transições a nível internacional, assim como no seio da própria União Europeia.

Desde logo, para Timor-Leste foi tempo de consubstanciar a nossa soberania e o nosso processo democrático. Vivemos episódios determinantes para a consolidação da nossa nação independente, num percurso por vezes sinuoso, mas também marcado por avanços vitais. Esse caminho, que no seu todo permitiu, afinal, robustecer o sentido de unidade nacional e levantar um quadro institucional sólido, contou, permanentemente, com o apoio incondicional de velhos parceiros.

Amigo da causa timorense desde sempre, Durão Barroso ajudou a ecoar voz do nosso Povo e a defender a independência de Timor-Leste ao longo de todo o seu percurso, como cidadão e como líder político, nas várias etapas da sua vida profissional. Ainda enquanto Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, desempenhou um papel basilar na defesa desta causa em diversos fóruns internacionais, tendo estado na linha da frente da abertura do processo de diálogo político com a Indonésia, que conduziu ao referendo de 30 de Agosto de 1999 e que abriu as portas da nossa independência.

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