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Obituário - Leonardo Mathias (1936-2020)

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A morte tem sempre qualquer coisa de inesperado, mesmo para quem como ele, há muito ausente e debilitado, dela parecia estar próximo.

Sim, tão aquém do que fora! Tão diferente do meu irmão de sempre que eu teimava em querer reencontrar de cada vez que nos acontecia estarmos juntos. Sorria-me com um sorriso parado e nada dizia. Apenas sorria. E eu deixava-me ficar a seu lado. Ao Leonardo se aplica com toda a propriedade a formulação feliz de um diplomata brasileiro: “Na diplomacia, o traço todo da vida”, 1 porquanto também nela se encontrou e plenamente se realizou. Entrou para o MNE muito cedo, logo após a universidade, e aí descobriu, a par de uma verdadeira vocação, a sua razão de ser. De facto, amava a diplomacia em toda a sua multifacetada dimensão, incluindo ritos e tradições, e dela soube extrair o essencial em termos pessoais e profissionais. Com entusiasmo, empenho, lucidez, uma lucidez lúdica tão a seu modo, espécie de desafiante jovialidade. A tudo, aliás, se entregava com alegria sem, contudo, jamais perder o sentido da medida. Em definitivo, ser diplomata, estar na diplomacia, representar o Estado português, foi para ele o modo mais eloquente de servir o país. De o valorizar, distinguir, afirmar. Ao lado dos outros, ou, se necessário, contra eles. Como dizê-lo? A diplomacia vivida como expressão sublimada do sentimento patriótico. Era isto ou qualquer coisa de muito parecido com isto que o animou ao longo de todo o seu percurso. Há convicções que são fidelidades. Politicamente conservador e eminentemente europeu pelo espírito, as referências, a cultura, a sua própria vivência – as suas cidades eram Roma, Madrid, Paris, Genebra – tinha uma autêntica paixão pelo mundo da política internacional, que conhecia em pormenor, os quês e os porquês, as crises e os protagonistas, os cantos e recantos, se assim me posso exprimir. Bastava percorrer as estantes da sua biblioteca para disso nos apercebermos. Acima de tudo, o Leonardo era um homem bom. Sem ódios ou invejas. Sem mesquinhezes, tão-pouco.

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