• +351 217 214 129
  • Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Nota de Abertura - Concorrência civilizada

Estrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativaEstrela inativa
 

João Carlos Espada

João Carlos Espada

Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Director de Nova Cidadania

Este número de Nova Cidadania é sobretudo dedicado à 26a edição do Estoril Political Forum, que decorreu de 25 a 27 de Junho no Hotel Palácio do Estoril, sob o título genérico de “Patriotismo, Cosmopolitismo e Democracia”.

Este título revela de certa forma o posicionamento global que estes encontros anuais vêm assumindo desde a sua estreia, no Convento da Arrábida, em 1993. Eles têm procurado ser um ponto de encontro e de diálogo civilizado entre sensibilidades diferentes — partilhando a defesa comum da democracia liberal e da aliança euro-americana — sobre os grandes temas dos Estudos Políticos e das Relações Internacionais. Este é também o compromisso fundamental da revista Nova Cidadania.

Ao longo destes últimos 25 anos, raras vezes a necessidade deste diálogo civilizado terá sido tão premente. Assistimos com preocupação à erosão do chamado “centro vital” nas democracias euro-americanas, com o correspondente declínio da civilidade do debate e da concorrência entre centro-direita e centro-esquerda. E assistimos com preocupação ao simultâneo crescimento de tribalismos rivais — entre populismos de sinal contrário, muitos deles anti-democráticos, outros simplesmente bizarros e de gosto duvidoso.

Todavia, esta infeliz polarização tende a ser descrita de forma enviesada em grande parte dos meios de comunicação social. Ela tende a ser atribuída sobretudo, quando não exclusivamente, ao chamado populismo da direita radical. Este populismo existe sem qualquer dúvida, e deve ser combatido sem hesitações. Mas não poderá ser derrotado se o populismo rival — o da esquerda radical — for ignorado. E, pior ainda, se algumas posições da esquerda radical começarem a ser aceites como normais pelo “centro vital” das democracias liberais.

Um destes conceitos da esquerda radical que tem vindo a ser aceite como normal é a hostilidade contra o sentimento nacional e a sua precipitada identificação com o nacionalismo agressivo e xenófobo. Esta hostilidade e esta identificação são totalmente contrários às tradições da direita e da esquerda democráticas e como tal devem ser denunciadas.

Um aspecto importante daquela hostilidade é a condenação de qualquer proposta de política de controlo da imigração como sendo contrária à democracia e reveladora de xenofobia. Trata-se de um erro fatal. A oposição à imigração descontrolada não é sinónimo de oposição a toda e qualquer imigração — um ponto que foi sublinhado por José Manuel Durão Barroso, precisamente neste Esto- ril Political Forum (infelizmente não dispomos da versão escrita da sua excelente intervenção).

Por outras palavras, é urgente re-descobrir a tradição de um patriotismo liberal e democrático — aquilo que William Galston chamou de “patriotismo razoável” na sua excelente Palestra Dahrendorf no Estoril Political Forum, que o leitor poderá ler nesta edição. Por outras palavras ainda, é possível reconciliar “patriotismo, cosmopolitismo e democracia”.

Mas esta reconciliação e aquela re-descoberta só serão possíveis se for restaurada a civilidade do debate, e da necessária concorrência, entre centro-direita e centro-esquerda nas democracias liberais. Fazemos votos de que o mais recente Estoril Political Forum e a presente edição de Nova Cidadania possam contribuir para a restauração dessa concorrência civilizada.


1000 Caracteres remanescentes


Agradecemos o amável e generoso apoio dos nossos patrocinadores:

Logo Jerónimo Martins

Logo Fundação Calouste Gulbenkian

Logo Grupo José de Mello

logo ucp iep lisboa

Mais informações

Para mais informações em relação a patrocínios, por favor clique aqui para aceder ao formulário.

Please publish modules in offcanvas position.