• +351 217 214 129
  • Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Nota de Abertura - Equilíbrio e moderação

João Carlos Espada

João Carlos Espada

Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Director de Nova Cidadania

Esta edição de Nova Cidadania abre com o texto da 18a Palestra Anual Alexis de Tocqueville que foi proferida por Aníbal Cavaco Silva, no passado dia 8 de Março, no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (onde era professor catedrático na Faculdade de Economia, depois de ter sido Primeiro-Ministro e antes de concorrer à Presidência da República em 2006). Foi o que muitos dos presentes na cerimónia designaram como “um momento Vintage Cavaco Silva”.

Começou pela célebre pontualidade — infelizmente muito pouco observada entre nós. Tinha dito que chegaria às 17h45 (a cerimónia começava às 18h). E chegou às 17h43, integrando-se no cortejo académico que abriu a sessão. Perguntara previamente qual era a duração tradicional das Palestras Tocqueville. Perante a resposta, dissera que cumpriria 45 a 50 minutos. A sua comunicação foi exactamente de 47 minutos.

A seguir, permaneceu na mesa tranquilamente durante o resto da cerimónia (sobretudo dedicada à entrega de diplomas e prémios aos alunos do IEP-UCP, de que também damos conta nesta edição). Com sua mulher, Maria Cavaco Silva, (também há muitos anos docente da Universidade Católica) ficaram depois até ao tradicional brinde final do jantar Tocqueville (que ocorreu às 22h15).

Por outras palavras: ao contrário do infeliz hábito nacional de não respeitar horários, o ex-Presidente da República e a ex-Primeira Dama fizeram questão de cumprir todas as regras gerais da cerimónia. O tema das regras gerais e da disciplina a elas associada esteve também subjacente à eloquente palestra que proferiu sobre “Portugal e o aprofundamento da União Europeia”, que o leitor poderá ler já nas primeiras páginas desta edição.

Segue-se um texto de Adriano Moreira, numa intervenção sobre o Papa Francisco, também proferida na Universidade Católica, a 12 de Março. Esta palestra teve lugar escassos dias após a Palestra Tocqueville com Cavaco Silva, a que Adriano Moreira fez questão de também estar presente, bem como no jantar que se lhe seguiu. Pioneiro da Ciência Política em Portugal, Adriano Moreira é professor e co-fundador do IEP-UCP. É um privilégio podermos abrir esta edição com dois excelentes textos de duas referências maiores da nossa vida política e intelectual.

Esta edição contém ainda uma homenagem a outra personalidade de referência da nossa vida cívica, que infelizmente já nos deixou: Victor Cunha Rego. Assinalamos a recente publicação do livro de crónicas do autor (entre 1957 e 1999) com dois notáveis textos de Maria João Avillez e José Cutileiro.

Uma referência especial é ainda devida à palestra de Álvaro Mendonça e Moura, Secretário Geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que também teve lugar no IEP-UCP — a convite do Director do seu Centro de Estudos Europeus, José Manuel Durão Barroso.

O leitor encontrará nesta edição vários outros artigos que julgamos distinguirem a disposição política e intelectual de Nova Cidadania. Como gostamos de recordar nas Palestras Anuais Alexis de Tocqueville — cujo livro, referente aos primeiros 20 anos, será brevemente lançado — trata-se de uma disposição contrária a todo o tipo de radicalismos, que define também o projecto educativo do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica:

“Não estamos aqui para treinar agitadores revolucionários nem propagandistas contra-revolucionários. Estamos aqui para educar aqueles que Raymond Aron designava de cidadãos livres e responsáveis – ladies and gentlemen, na feliz expressão inglesa – que possam amanhã servir o País, a Aliança Atlântica e a Europa, a que nos orgulhamos de pertencer, com sentido de dever, com equilíbrio e moderação, e, sobretudo, com elevação.”


1000 Caracteres remanescentes


Please publish modules in offcanvas position.