Dois livros recentes revelam dois destinos possíveis para o Ocidente: o tédio e a submissão, por um lado; a honra e a resistência, por outro. A escolha cabe a cada um de nós.
Dois livros recentemente traduzidos entre nós merecem atenta reflexão. Eles exprimem dois entendimentos opostos, mas claramente coexistentes entre nós, da civilização ocidental e dos deveres opostos que esses entendimentos implicam. É difícil exagerar a importância do que está em causa.
O primeiro livro é a edição portuguesa de Submissão, do francês Michel Houellebecq. É um livro certamente corajoso (e muito bem traduzido), que retrata duramente a imaginária futura rendição da França (e, com ela, da Europa) ao fundamentalismo islâmico. O mais incrível, à primeira vista, é que essa rendição será efectuada por via eleitoral: todos os partidos ‘respeitáveis’ (do centro-direita à extrema-esquerda) decidem apoiar uma candidato islâmico para derrotar a candidatura da Frente Nacional. No fim da história, a França docemente aceita a islamização — a começar pela Universidade de Paris-Sorbonne, onde o narrador lecciona.
Mas isto é apenas o mais incrível, à primeira vista. O que é tão, ou ainda mais, incrível é o retrato que o autor descreve da França antes da conversão ao islamismo. A França ‘burguesa’ que o autor retrata é uma terra de tédio, de ausência de sentido, em que as únicas fontes de gratificação residem na gastronomia e no sexo avulso. É essa (imaginária) França sem sentido mais fundo, essa França à deriva, que o autor descreve como vítima voluntária da Submissão.
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