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Obituário - Zvetan Todorov - Um Testamento

“É possível resistir ao mal sem sucumbir à tentação do bem”.

Num livro atualíssimo, intitulado Mémoire du mal, Tentation du bien (Laffont, 2000), cujo tema ganha nos dias de hoje uma importância crescente, Zvetan Todorov diz-nos que “querer erradicar a injustiça da face da terra ou apenas as violações de direitos humanos e instaurar uma nova ordem mundial donde sejam banidas as guerras e as violências, é um projeto que converge com as utopias totalitárias na sua tentativa de tornar a humanidade melhor e de estabelecer o paraíso sobre a terra”. Como nos alertou o próprio Thomas Morus na sua Utopia, do que se trata nas sociedades humanas é de não renunciar à capacidade de nos aperfeiçoarmos, em lugar da tentação do império cego da virtude, contrário à liberdade igual e à igualdade livre. Todorov insiste: “É possível resistir ao mal sem sucumbir à tentação do bem”. Mas não se interprete apressadamente o aparente paradoxo. É de pessoas concretas que cuidamos, nos seus vários caminhos ao encontro de si e dos outros, e não de seres abstratos, formatáveis segundo um qualquer modelo de perfeição que não tem lugar no mundo concreto. Por isso, a Utopia é um horizonte, um desafio, e não um modelo ou uma exigência abstrata.


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