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Ensaio - Porque nos marcam positivamente os líderes?

Em que pensam as pessoas, designadamente os líderes, quando pensam na boa liderança?

PROFECIAS QUE SE CONCRETIZAM Em que pensam as pes- soas, designadamente os líderes, quando pen- sam na boa liderança? Importará conhecer os perfis de boa liderança (denominemo-los “protótipos” 1 ) que as pessoas têm nas suas mentes? Serão esses esquemas mentais relevantes para o exercício da boa lideran- ça? O que sucede quando as pessoas têm perante si um líder que não atua de acordo com os protótipos que elas têm em mente? As respostas a estas questões podem ser múltiplas. Mas há um efeito, conhecido como profecia que se autorrealiza, que pode auxiliar na resposta. Quando temos perante nós um líder que não se compagina com o nosso protótipo de boa liderança, é provável que respondamos com alguma desconfiança e que não nos empenhemos como poderíamos nas suas orientações e na prossecução dos objetivos que ele desenvolve. Quando assim respondemos, estamos a dificultar a vida ao líder. Como consequência, o líder não obterá os melho- res resultados da equipa. Cumpre-se então a nossa profecia: as nossas expectativas estavam corretas! Se, diferentemente, o líder se compagina com o nosso protótipo de bom líder, é mais provável que nos em- penhemos. Os resultados serão melhores e acabaremos por considerar que, afinal, a nossa interpretação era acertada.

Importa, pois, compreender o que as pessoas têm nas suas mentes quando pensam num bom líder – sobretudo se tiverem tido experiências que lhes permitam formar uma leitura mais apurada da realidade. Neste texto, daremos sobretudo conta do que vai nas mentes de líderes quando eles próprios refletem sobre as qualidades dos seus atu- ais ou antigos bons líderes. Como se verá, os resultados assinalam uma contradição complexa. Por um lado, numerosas pessoas consideram (pelo menos em privado ou em círculos restritos) que os líderes, para serem bem-sucedidos, devem “cortar a direito”, colocar as preocupações éticas na gaveta, e libertar-se de considerações humanizadas e morais. Por outro lado, quando são convidadas a pensar em líderes que as marcaram positivamente, as pessoas apontam qualidades que não se compaginam com essa lógica amoral e socio- -emocionalmente desprendida – antes remetem para a ética, o sentido de responsabilidade, o desenvolvimento dos liderados, e a riqueza dos relacionamentos sociais respeitadores da dignidade da pessoa humana.


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