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Homenagem - António Mega Ferreira: Eterno Viajante

Guilherme d'Oliveira Martins

Guilherme d'Oliveira Martins

Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania

Afeto e curiosidade, eis o que sempre encontramos em António Mega Ferreira.

Foi um conhecimento de sessenta anos, desde os tempos do Pedro Nunes, com a diferença de três anos de idade, o que era muito quando se entrava no liceu. Mas havia um espírito especial feito de atenção ao que faziam os mais velhos numa espécie de escol, desde o teatro às artes plásticas ou ao desporto… O Pedro Nunes, que meu avô frequentara em 1914, criava raízes – e aí encontrei o António Mega Ferreira. Em tempos muito recentes foi meu companheiro no Conselho Editorial da Imprensa Nacional, e não esqueço a magnífica conferência na Embaixada de Itália sobre a Comédia de Dante ou uma deliciosa conversa na Associação Portuguesa de Escritores, à Lapa, na primeira edição do prémio Maria Ondina Braga, de literatura de viagens, galardão que viria a ser-lhe atribuído, há poucos meses, pelas “Crónicas Italianas”, quando já há muito deixara esse júri. Foi de peregrinações italianas que essa conversa versou, numa curiosa troca de informações sobre uma busca detectivesca a propósito de um misterioso fidalgo de Chaves que, entre 1510 e 1517, viveu em Roma e deixou um manuscrito de 92 fólios com preciosas informações sobre um período crucial na capital pontifícia – a batalha de Ravena, a morte de Júlio II, a eleição do Cardeal Médicis, Leão X, e a entrada em Roma da embaixada de D. Manuel, chefiada por Tristão da Cunha… Quem foi esse fidalgo de Chaves, criado de D. Jaime, 4º duque de Bragança? Não se sabe e por isso demo-nos a imaginar, concordando sobre a necessidade da publicação desse documento, estranhamente esquecido, em edição diplomática, depois do estudo e das revelações importantes do académico Paulo Alves. Conhecemos apenas a perspetiva arguta do fidalgo sobre o que se passava em Roma, em vésperas de grandes mudanças. Mas perguntámo-nos, nessa tarde, se o esforçado fidalgo escritor o teria sido apenas por incumbência funcional ou mais do que isso? António achava que havia mais do que um mero relatório, estando persuadido de que haveria um autêntico impulso literário nesse texto. A verdadeira identidade do fidalgo e a motivação para a escrita das Memórias ocupou-nos, mas no essencial era a paixão pelas práticas de viagem.

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