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Wilhem Hofmeister

Wilhem Hofmeister

Ex- Director para Portugal e Espanha da Konrad Adenauer Stiftung, Madrid

Na sua resistência à invasão russa os bravos ucranianos estão a defender não apenas o próprio país, mas também o que entendemos serem os valores da democracia liberal.

1) A guerra na Ucrânia e o futuro da democracia europeia
Que na sua resistência à invasão russa os bravos ucranianos estão a defender não apenas o próprio país, mas também o que entendemos serem os valores da democracia liberal é uma convicção generalizada - compartilhada principalmente e antes de mais na Europa, América do Norte (EUA e Canadá), mas também no Japão, Coreia do Sul, Taiwan, Austrália e Nova Zelândia. Assim sendo, europeus e norte-americanos têm apoiado politicamente os ucranianos na sua resistência e, sobretudo, têm reforçado as suas capacidades de defesa militar. Não há qualquer dúvida de que desde o início os EUA, sob a liderança do presidente Biden, lideram esse apoio, retornando assim ao seu antigo papel de potência líder na promoção e defesa da democracia, papel esse que nos últimos anos sofreu muito aos olhos da opinião pública mundial devido à retirada do Afeganistão e outras operações política e militarmente duvidosas. Alguns países europeus — e isso infelizmente inclui o meu próprio país, a Alemanha — demoraram um pouco mais a perceber que a atitude anterior de apaziguamento e contenção em relação à Rússia era baseada em falsas avaliações e expectativas. A Alemanha, o que neste caso significa sobretudo o Governo Federal Alemão, demorou ainda mais do que a maioria dos seus vizinhos e parceiros europeus a reconhecer a dimensão da guerra na Ucrânia, as consequências daí resultantes e as reacções necessárias. O presidente alemão Steinmeier admitiu esse erro de julgamento de anos numa entrevista dada a 5 de abril, quando disse:

Carl Gershman

Carl Gershman

Presidente e fundador, National Endowment for Democracy

A invasão aconteceu num momento de um pessimismo geral e profundo acerca do futuro da democracia.

Duvido que entre nós haja alguém que não saiba que o mundo mudou drasticamente nos últimos meses, como resultado da invasão russa da Ucrânia a 24 de Fevereiro e da inesperadamente feroz resistência ucraniana. A invasão aconteceu num momento de um pessimismo geral e profundo acerca do futuro da democracia. Num artigo publicado no Journal of Democracy apenas um mês antes da invasão, Larry Diamond alertava que “Este é o momento mais negro para a liberdade em meio século”, com a democracia em risco devido ao “ressurgimento global do autoritarismo” e crescente colaboração para fazer avançar os interesses e normais autoritários. Esta apreensão atingiu o seu pico a 4 de Fevereiro, quando Vladimir Putin e Xi Jinping assinaram uma declaração conjunta que estabelecia formalmente entre a Rússia e a China uma parceria estratégia “sem limites” para expandir a sua influência global naquilo que chamaram - ironicamente, como em breve se perceberia - “um nova era… de transformação profunda.” Não tinha forma de saber, claro, que a invasão da Ucrânia, que Putin atrasou por favor a Xi até ao momento imediatamente a seguir à conclusão dos Jogos Olímpicos de Pequim, daria à ideia de uma nova era um significado muito diferente do que aquele que tinham pretendido.

E assim foi. Tal como disse o Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky disse a uma sessão do Congresso americano em Março, a agressão da Rússia desencadeou “um terror que a Europa não via há 80 anos.” A invasão transformou a geopolítica da Europa. Revitalizou a aliança da NATO, cuja raison d’être defensiva estava a ser questionada desde o fim da Guerra Fria. Uniu os Estados Unidos e os seus aliados europeus numa agenda de apoio à Ucrânia, impondo à Rússia esmagadoras sanções financeiras e económicas, e acabando com a dependência ocidental de petróleo e gás russos. E impeliu a Alemanha a romper com quase sete décadas de acanhamento militar e perpétua aproximação com a União Soviética — e mais tarde com a Rússia de Putin — aumentando drasticamente os seus gastos com defesa e concordando em fornecer à Ucrânia armas pesadas e outros equipamentos militares. O chanceler alemão Olaf Scholz chamou a esta invasão Zeitenwende, um momento de viragem que significou a mudança de era.

Marc F. Plattner

Marc F. Plattner

Chairman IEP International Advisory Board; Fundador and co-editor, Journal of Democracy

Quem enfrenta este desafio são, claro, as democracias liberais de todo o mundo.

Gostaria de começar com alguma reflexões acerca do título tanto desta sessão como desta nossa conferência:

“Confrontando o Desafio Autoritário”. Esta breve frase não indica explicitamente quem deve confrontar este desafio. A resposta a esta pergunta pode não ser explícita porque é tomada como certa. Quem enfrenta este desafio são, claro, as democracias liberais de todo o mundo.

O desafio autoritário à democracia liberal tem duas dimensões principais: é em parte uma ameaça geopolítica ou securitária, mas é também uma competição na arena dos princípios políticos, dos valores, das ideias. Embora por vezes em termos de análise seja útil tratar estas duas dimensões separadamente, elas estão seriamente interligadas e a sua inter-relação nunca deve ser ignorada.

João Carlos Espada

João Carlos Espada

Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Director de Nova Cidadania

Bem-vindos ao 30º Encontro Anual Internacional de Estudos Políticos.

Senhora Reitora da Universidade Católica Portuguesa, Professora Isabel Capeloa Gil, Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras, Senhora Directora do Estoril Political Forum, Dra. Rita Seabra Brito, Senhores Embaixadores, Distintos Convidados, Senhoras e Senhores, Caros Amigos, Gostaria de começar por agradecer a presença de todos nesta 30a edição do Estoril Political Forum.

Um agradecimento muito especial a S. Exa. O Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa – que nos dá a honra e o privilégio de nos conceder mais uma vez o seu Alto Patrocínio ao nosso Estoril Political Forum, que nos enviou uma muito tocante mensagem que todos pudemos escutar.

E um agradecimento especial também ao Senhor Presidente da Câmara de Cascais, Dr. Carlos Carreiras que nos dá o privilégio do seu apoio há mais de 10 anos.

Pedia agora a vossa compreensão para usar a língua inglesa, de forma a comunicar directamente com os nossos convidados estrangeiros.

Senhoras e senhores, Bem vindos ao 30º Encontro Anual Internarcional de Estudos Políticos, também chamado de “Estoril Political Forum.” É com muito prazer que vos dizemos que estão a participar no maior encontro anual de Estudos Políticos em Portugal - e sim, de facto, já quase trinta anos passaram desde que tivemos o nosso primeiro encontro, no Convento da Arrábida, em Setembro de 1993.

Rita Seabra Brito

Rita Seabra Brito

Directora, Estoril Political Forum Professora, IEP-UCP

Evoluiu gradualmente através da livre interação e cooperação de indivíduos e instituições livres.

Caros participantes do Estoril Political Forum, Estimados convidados

É com grande prazer que vos dou novamente as boas-vindas ao Estoril Political Forum e a este extraordinário sítio. Este ano, o Forum enfrenta o desafio autoritário, um desafio tanto da macro quanto da micropolítica. Um desafio que tanto se põe ao abrangente e geral, como às pequenas práticas quotidiano.

A educação é fundamental para libertar o potencial de transformação que é necessário para que a nossa casa comum tenha futuro. A guerra na Ucrânia esmagou as grandes conquistas da modernidade tardia: a paz, o direito à alimentação, à educação, ao abrigo, o estado de direito e o pluralismo político. Basicamente, a guerra na Ucrânia perturba o direito básico de ter direitos que sustenta a ordem democrática moderna. Nestes tempos difíceis de necessidade, nossas reflexões nesta assembléia estão sismicamente conectadas com a tragédia de nosso tempo e com a responsabilidade de quem defende a verdadeira liberdade de levantar a voz e agir de forma sistemática e consistente contra o narcisismo nepótico do autoritarismo.

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