
Isabel Capeloa Gil
Reitora da Universidade Católica Portuguesa
O Estoril Political Forum transformou contingência em oportunidade e esta será certamente uma lição para o futuro.
Sua Excelência Sr. Presidente da República, Sr. Professor Marcelo Rebelo de Sousa, Senhora Vereadora, Sr. Director do IEP Sr. Professor João Carlos Espada, Senhores Professores, Caros estudantes, Minhas senhoras e meus senhores, Todos aqueles que nos vêem por via remota,
Começo por saudar o Sr. Presidente da República e cumprimentar todos os que aqui estão, em especial os alunos.
Começo por cumprimentar sua Excelência, Sr. Presidente da República, e agradecer a honra e o privilégio da sua presença neste acto de abertura do Estoril Political Forum, uma iniciativa do Instituto de Estudos Políticos, e dizer que é para nós uma enorme honra ter o seu Alto Patrocínio e a generosidade com que sempre aceita os convites da Universidade.

José Manuel Durão Barroso
Antigo presidente da Comissão Europeia, Director do Centro de Estudos Europeus do IEP-UCP, Conselho Editorial Nova Cidadania
TRANSCRIÇÃO Miguel Paim TRADUCÃO Maria Cortesão Monteiro
Muit o obrigado, Dr. Hartmut Mayer. Obrigado pelas palavras tão gentis. Agradeço também aos nossos anfitriões, nomeadamente ao meu bom amigo António Monteiro e também a Rita Seabra Brito.
É um prazer estar convosco e com os meus colegas de painel, Wilhelm Hofmeister e Carl Gershman, ainda que de forma virtual. Gostaria de aproveitar a ocasião para enviar uma palavra de agradecimento e parabéns ao Professor João Carlos Espada, director do nosso Instituto de Estudos Políticos, bem como a todos os colaboradores e docentes, que tanto trabalharam para que o Forum deste ano se concretizasse.É um prazer e uma honra participar mais uma vez num fórum político tão importante e com tantos alunos que nos acompanham por vídeo.
O tópico União Europeia, Aliança Atlântica e Democracia Liberal é complicado.É um daqueles tópicos em que precisamos de perceber as complexidades da política.É por definição um tópico extremamente político, especialmente de política internacional e pressupõe questões que têm a ver com o cerne da soberania, mas também questões que vão além dos regimes políticos, de segurança e defesa.É também uma matéria em que por vezes é difícil encontrar um equilíbrio, do ponto de vista político, entre interesses e valores. Porque, sejamos francos, no mundo da política é impossível evitar a questão dos interesses, mesmo quando há um compromisso com alguns interesses básicos fundamentais.

Carl Gershman
Presidente e fundador, National Endowment for Democracy, Washington DC
TRADUÇÃO Jorge Miguel Teixeira
A democracia está a ser desafiada hoje como nunca o foi desde o fim da Guerra Fria – desde, na realidade, o período que Samuel Huntington havia chamado de ‘’segunda onda reversiva’’ nos anos 60 que acabaram, na sua opinião, com o fim da ditadura militar em Portugal a 25 de abril de 1974. Esse evento iniciou aquilo que Huntington chamou de terceira onda de democratização, que levou à maior expansão da democracia na história mundial. O número de países livres aumentou de 52 para 88, e o número total de democracias eleitorais aumentou para 125. Em 2005, quase dois terços dos países do mundo se tinham tornado democráticos.
A reversão deste progresso começou em 2006, e desde então que os direitos políticos e civis têm-se reduzido globalmente durante 14 anos consecutivos, como notado pela Freedom House. Um novo estudo de Larry Diamond enfatiza que 19 das 29 democracias mais populosas e geograficamente importantes experienciaram declínios substantivos da liberdade entre 2005 e 2019, enquanto que apenas duas melhoraram. Muitos destes estados, nota, mantêm-se democráticos mas continuam a deteriorar em qualidade, incluindo as quatro maiores democracias do mundo – os Estados Unidos, a Índia, a Indonésia e o Brazil, a par com a Polónia, que é a maior democracia da Europa Central. Diamond também regista que entre os 20 países que passaram por protestos políticos em massa, ou as chamas ‘’revoluções coloridas’’ desde a Revolução Verde no Irão em 2009, apenas duas resultaram em transições democráti- cas, e mesmo estas transições – na Tunísia e na Ucrânia – são muito frágeis e incertas.

David Diniz
Director-Adjunto do Jornal Expresso; Doutorando IEP-UCP.
Em dezembro, a NATO comemorou 70 anos de construção da paz, estabilidade e prosperidade dos dois lados do Atlântico, mas as fraturas internas estão a aprofundar-se, levantando sérias dúvidas de que atinja o seu 75o aniversário.
1. A nova desordem global “A NATO pode ser a ‘mais bem sucedida aliança da história’ - como alega o seu secretário-geral, Jens Stoltenberg - mas também pode estar à beira do fracasso. Em dezembro, a NATO comemorou 70 anos de construção da paz, estabilidade e prosperidade dos dois lados do Atlântico, mas as fraturas internas estão a aprofundar-se, levantando sérias dúvidas de que atinja o seu 75o aniversário”. O alerta da antiga ministra dos Negócios Estrangeiros de Espanha, Ana Palacio, parecerá dramático, mas é a apenas o último de muitos: desde a última cimeira da Aliança que ecoa entre os aliados o grito de Emanuel Macron, o Presidente francês em funções, numa entrevista à Economist, declarando a NATO “estrategicamente em morte cerebral”.
Talvez seja ainda cedo para citar Mark Twain. Esta é a Aliança que já tremeu, por exemplo, na crise do Suez, que se dividiu sobre a intervenção no Iraque do início do milénio, a mesma que passou por uma indefinição estratégica após a queda do Muro de Berlim.

Ivan Krastev
Cientista político, presidente do Center for Liberal Strategies em Sofia
De todas as crises que ameaçam a Humanidade, a COVID-19 parece a mais consentânea com a globalização, por revelar a importância de uma cooperação internacional.
TRADUÇÃO Rafael Peres Marques e Manuel Santos Marques REVISÃO Rita Almeida Simões
No romance Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, um homem perde subitamente a visão, o mesmo acontecendo ao médico que o examina e ainda a um ladrão que lhe rouba o carro. Temendo a propagação da «cegueira branca», o governo toma medidas extremas para travar o contágio: todos aqueles que já estão cegos e os que tiveram contacto com eles são reunidos e levados para um velho hospício nos confins da cidade. A mínima tentativa de sair do asilo é punida com força brutal pelos soldados de patrulha, assustados pela ideia de perderem a visão. O asilo acaba por ser mais um campo de concentração do que um hospital.