O próprio Churchill afirmou que não era ele que mudava, mas sim o contexto nacional ou internacional. E só os loucos não se adaptavam a circunstâncias diferentes.
O nosso tema de hoje, “Churchill e a Europa”, ganhou novamente destaque com os debates que surgiram – ou ressurgiram – na campanha que antecedeu o referendo do Brexit na Primavera do passado ano no Reino Unido. Como se sabe, os dois lados tentaram puxar Churchill para si, como numa espécie de jogo da corda. É possível defender-se que Churchill é como a Bíblia: na sua longa lista de declarações sobre vários assuntos, podem encontrar-se argumentos a favor e contra o mesmo ponto. O próprio Churchill afirmou que não era ele que mudava, mas sim o contexto nacional ou internacional. E só os loucos não se adaptavam a circunstâncias diferentes.
O paradoxo aqui é que, como veremos, nas décadas de 1950 e 1960, a sua mudança gradual culminou num afastamento da Grã-Bretanha em relação à Integração Europeia, numa altura em que, de facto, a reduzida posição mundial do país tornava cada vez sensato juntar-se ao Movimento Europeu. Mas, como o voto no Brexit demonstrou, os ditames da razão são frequentemente submetidos a sentimentos do coração neste tema. Segundo afirmou Jock Colville, seu fiel ajudante e amigo, em 1981, “havia uma contradição na visão de Churchill de unidade europeia.” 1
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