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Obituário

Hans Küng - Uma ética de paz

Guilherme d’Oliveira Martins

Guilherme d’Oliveira Martins

Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania

As suas reflexões e a sua obra constituem elementos perenes, para além do horizonte do nosso tempo e do catolicismo.

O teólogo católico Hans Küng (1928-2021) morreu a 6 de abril em Tubinga e deixou uma herança intelectual, filosófica e teológica de grande valor. Pode dizer-se que as suas reflexões e a sua obra constituem elementos perenes, para além do horizonte do nosso tempo e do catolicismo. O futuro se encarregará, por certo, em especial no domínio da cultura da paz e do diálogo inter-religioso, de demonstrar como a cultura moderna se enriquece graças à compreensão de que a razão e o sentimento, a ciência e a espiritualidade se completam permitindo que a humanidade se aperfeiçoe e se emancipe, assumindo os limites do conhecimento e a necessidade de fazer do diálogo entre civilizações uma verdadeira troca de experiências, devendo cada qual ser capaz de se colocar no lugar do outro. Só com essa capacidade será possível criar uma verdadeira consciência comum, que impeça a violência ou a intolerância por motivos religiosos ou culturais. Longe de entender o mundo das religiões como imóvel, silencioso e estático, incoerente e contraditório, importa partir de uma informação séria e bem comprovada, de uma orientação que possa servir de ajuda para enfrentar a complexidade e a multiplicidade das religiões e de uma motivação que estimule uma atitude nova frente à religião e às religiões – de forma a reconhecer a dimensão universal do respeito mútuo e da dignidade humana. Daí a exigência de paz entre os homens, num momento em que há a tentação para o fechamento e a intolerância, centrados em novos dogmatismos. E assim o teólogo afirmou: “Não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões; não haverá paz entre as religiões, se não existir diálogo ente as religiões; não haverá diálogo entre as religiões, se não existirem padrões éticos globais; o nosso planeta não irá sobreviver se não houver um ethos global, uma ética para o mundo inteiro”. E não se julgue que é fácil levar este entendimento à prática.

Homenagem

A presença de Eça de Queiroz…

Guilherme d’Oliveira Martins

Guilherme d’Oliveira Martins

Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania

A decisão aprovada por unanimidade na Assembleia da República visando conceder honras de Panteão Nacional a José Maria Eça de Queiroz constitui um ato de elementar reconhecimento em relação a quem é referência indiscutível das culturas de língua portuguesa.

No lugar cívico de homenagem a figuras referenciais da história portuguesa, está em causa a valorização do Panteão, de modo a melhor dignificar uma identidade nacional antiga, aberta, complexa e fecunda.

Em Portugal, o estatuto de Panteão Nacional está hoje atribuído ao antigo templo de Santa Engrácia em Lisboa e ao Mosteiro Santa Cruz em Coimbra, onde se encontram os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal. No Panteão estão sepultadas figuras nacionais marcantes e são ainda recordados, através de “cenotáfios”, os nomes de: Nuno Álvares Pereira, Infante D. Henrique, Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Afonso de Albuquerque e Luís de Camões. O mosteiro dos Jerónimos funcionou provisoriamente como Panteão, mas não tem hoje esse estatuto formal, ainda que tenha os túmulos de Vasco de Gama e de Luís de Camões, na nave do templo, de Alexandre Herculano, na antiga Sala do Capítulo e de Fernando Pessoa. Em S. Vicente de Fora, está o Panteão da Dinastia de Bragança, onde se encontram sepultados membros da família real que reinou após a Restauração de 1640. No entanto, trata-se aqui de um Panteão familiar. Desde a antiga Grécia [...]

Homenagem

Centenário de Jorge Borges de Macedo Historiador e pedagogo

Jorge Braga de Macedo

Jorge Braga de Macedo

Professor Catedrático Jubilado, Nova School of Business and Economics; Membro do Conselho Editorial Nova Cidadania

A esperança de ser lido cem anos depois de morrer.

Dizia meu pai ter a esperança de ser lido cem anos depois de morrer. Talvez a radicasse na convicção de que “as propostas que têm insistido em subalternizar” a “nossa capacidade crítica, como corpo colectivo” não persistem “muito”. Este registo optimista do “nosso património de cultura e acção política”, usado em 1990 no “Ensaio de formalização concreta” dedicado a António José Saraiva (Obras Escolhidas, 825-48, Imagem 3) e quiçá debatido entre eles na juventude, é particularmente bem-vindo quando termina a Presidência do Conselho Europeu que mais ignorou a nossa política externa enquanto se arrasta a governação doméstica.

Homenagem - António Paim

A significação da História das Ideias Filosóficas no Brasil de António Paim

Ricardo Vélez Rodriguez

Ricardo Vélez Rodriguez

Filósofo e Educador

A obra de António Paim contribuiu para o aperfeiçoamento das instituições do governo representativo, como meio para garantir o exercício pleno da liberdade na vida política do País.

Sinto-me honrado em participar desta solenidade na modalidade virtual, em companhia do meu amigo e mestre António Paim, com a presença do Professor Doutor João Carlos Espada, meu amigo de longa data, diretor do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, com a coordenação da professora Doutora Ivone Moreira, docente e pesquisadora da mesma Universidade, e com a presença do Doutor António Roberto Batista, meu amigo, fundador e diretor da Editorial Távola, de Campinas.

Destacarei três pontos: 1 – o significado desta obra para a meditação brasileira, do ângulo metodológico; 2 - a amplitude com que o autor analisa a história das ideias filosóficas no Brasil; 3 – um roteiro para o Brasil encontrar o caminho do progresso e da liberdade.

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