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Constança de Matos

Constança de Matos

Mestre IEP-UCP; Investigadora CIEP, Centro de Investigação do Instituto de Estudos Políticos

Ao longo da última década, temos vindo a testemunhar um número crescente de agressões externas às instituições democráticas que sustentam o mundo ocidental.

Ao longo da última década, temos vindo a testemunhar um número crescente de agressões externas às instituições democráticas que sustentam o mundo ocidental. As sucessivas ingerências no mundo académico não são exceção. Por isso, o objetivo deste artigo é alertar para os riscos e implicações associadas à crescente exposição das universidades ocidentais a interferências externas de origem autocrática, determinar o contexto que permitiu a expansão deste fenómeno nos últimos anos através do caso do Reino Unido e, em última instância, fornecer um conjunto de recomendações sobre a estratégia que deverá ser adotada de modo a impedir que situações em que a liberdade académica é posta em causa ocorram no futuro.

Antes de aprofundar o assunto em questão, parece-me essencial definir o que se entende por interferência autocrática externa no mundo académico. Relativamente a este tema, o relatório da Comissão de Assuntos Externos da Câmara dos Comuns, datado de 2019 e intitulado “A cautious embrace: defending democracy in an age of autocracies”, tem uma definição clara, informativa e rigorosa daquilo que a Comissão considerou ser a influência das autocracias nas universidades do Reino Unido (Tugendhat et al, 2019, p. 5). Apesar da definição apenas fazer alusão ao contexto britânico, creio que resume de forma impressionante o fenómeno em análise e que, por conseguinte, deve ser utilizado como referência no que diz respeito a esta questão, independentemente da região geográfica a que nos referimos. A definição inclui:

Corina Lozovan

Corina Lozovan

Doutoranda IEP-UCP Investigadora CIEP, Centro de Investigação do Instituto de Estudos Políticos

Esta próxima geração de conectividade sem fios terá um impacto a longo prazo nas nossas vidas, revolucionando todas as esferas da economia, política e segurança.

A rede 5G é a última geração de tecnologia sem fios que será mais um avanço no âmbito da revolução digital. No pensamento de Carl von Clausewitz, poder-se-ia dizer que a discussão sobre a rede 5G representa a continuação de uma grande competição de poder por outros meios i , numa era de corrida global pela supremacia tecnológica na terra e, sub-repticiamente, também no espaço. As notícias de hoje tornaram o debate 5G num tema omnipresente, mas ainda assim, o seu alcance e poder transformacional é subestimado. Esta próxima geração de conectividade sem fios terá um impacto a longo prazo nas nossas vidas, revolucionando todas as esferas da economia, política e segurança. A odisseia da ficção científica que tem sido descrita na literatura tornou-se uma realidade, com benefícios, mas ao mesmo tempo, com riscos acrescidos e ameaças.

O país que domina a liderança atual no desenvolvimento das redes 5G é a China, impulsionada pelo imperativo estratégico de Pequim, com a região da Ásia-Pacífico a liderar a implementação das novas redes. Quanto à Europa, a adoção das redes 5G tornou-se num assunto controverso com a empresa chinesa Huawei a liderar o seu processo de implementação, tendo provocado reacções divergentes dentro da União Europeia. Para além disso, o governo americano considera a empresa chinesa uma ameaça que se tornou num símbolo de confronto entre os Estados Unidos e o seu cada vez mais ambicioso adversário, a China. A implantação iminente de infraestruturas 5G representa também uma luta comercial e política pelo controlo das indústrias do futuro. A Europa foi apanhada neste imbróglio e está a tornar-se claro que precisa de desenvol- ver uma estratégia para a orientar, não só através do atual debate sobre as redes 5G, mas também das rivalidades tecnológicas, que ainda estão por advir.

Guilherme d’Oliveira Martins

 

“Guerra? Este mundo quer a Guerra? Para que é que servem os homens inteligentes?”

Sedutor fascinante de inteligência e sensibilidade”, chamou-lhe Mário Soares. Em bom rigor, a biografia de Ruben Andresen Leitão é digna de Gal- sworthy. E a sua lógica, um exercício de G. K. Chesterton. Sophia de Mello Breyner Andresen, sua prima direita, recorda o Porto, o Campo Alegre, esse lugar olímpico, com uma inefável ternura: “para uma criança, aquela casa e aquele enorme jardim com os altíssimos plátanos, as tílias, o carvalho, ao lado do ténis, as camélias, o roseiral, o pomar, as adegas, o pinhal, os morangos selvagens, eram um mundo, um reino que em nós permanece como uma inesgotável memória inspiradora”. E essa saga da Quinta do Campo Alegre, porque nitidamente romanesca, teve também o dramático de um tiro de pistolão, do fio de armas de fogo mandado instalar por Dona Joana Andresen contra os ladrões, que atingiu o irrequieto Rubinho, deixando-o no território incerto dos mártires. Até que, em Março de 1937, faleceu a coluna dorsal daquele mundo, a avó Joana, a “Velha Máquina”, que deixou a Ruben, como testamento, a “ânsia desmedida de partir, de romper horizontes”.

Guilherme d’Oliveira Martins

Guilherme d’Oliveira Martins

Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania

A memória de Frei Mateus Cardoso Peres, O.P. deve ser especialmente lembrada, pelo que representou a sua personalidade e pela obra que nos deixou.

A memória de Frei Mateus Cardoso Peres, O.P. deve ser especialmente lembrada, pelo que representou a sua personalidade e pela obra que nos deixou. Conheci-o bem por razões familiares e tenho pela sua vida e obra uma grande admiração. Devo recordar que o grupo de que fez parte dos “católicos inconformistas” integrou alguns dos meus grandes amigos, como António Alçada Baptista, Helena e Alberto Vaz da Silva e João Bénard da Costa – num conjunto mais vasto de quem sempre estive próximo, entre os quais se contam Pedro Tamen, Maria Isabel Bénard da Costa, Nuno Bragança, Ruy Belo, M.S. Lourenço, Manuel Lucena, Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas. Falo da Aventura da Morais, de “O Tempo e o Modo”, da revista “Concilium”, do Centro Cul- tural de Cinema (CCC) e do Centro Nacional de Cultura. E se há quem obrigue a considerar com o maior cuidado a expressão de Ruy Belo sobre “Os Vencidos do Catolicismo” é exatamente Frei Mateus. Com efeito, o tempo passou e não devemos esquecer que o célebre poema abria já a porta relativamente aos exatos termos do que representa essa geração. “Nós que perdemos na luta da fé / não é que no mais fundo não creiamos / mas não lutamos já firmes e a pé nem nada impomos do que duvidamos”... O poeta bem conhecia a origem oitocentista da designação dos “vencidos da vida”, e sabia que o tempo os tornaria vencedores, não no sentido temporal, mas no sentido das ideias e da essência do espírito. Há trajetórias diferenciadas, é certo, mas há também que entender os frutos de longo prazo que foram lançados... “Victus sed victor” – e porque há quem continue a resistir ao entendimento sobre os sinais dos tempos, a verdade é que continua atual esse combate sereno e persistente não por uma Igreja triunfante, mas por um caminho cristão de respeito mútuo e de dignidade. Não esqueço, há muitos anos, um convite que Frei Mateus me fez para ir falar a Fátima à comunidade dominicana sobre pluralismo e tolerância. Lá estivemos, uma tarde de Primavera, e não esqueço as estimulantes reflexões de outro saudoso amigo, Frei José Augusto Mourão. Longe de orientações fechadas, eis que ficou uma pergunta, mais do que quaisquer respostas: como lidar com os intolerantes? Como distinguir a tolerância, enquanto respeito e não indiferença, a intolerância e as pessoas intolerantes? E o tema continua na ordem do dia. Frei Mateus era um intelectual rigoroso mas estimulante, avesso às simplificações. Com ele sabíamos que a dignidade humana exige procura, e que o diálogo só vale a pena se for trabalhoso... Sempre nos ensinou, por isso, que a teologia obriga a conhecimento e a ir além da superficialidade – o “aggiornamento” obrigaria, pois, a tempo e a reflexão. Daí a importância dos célebres colóquios para assinantes da “Conciluim”: refletindo sobre e com Schillebeeckx, Chenu, Congar ou Balthasar...

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