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Liberdade e responsabilidade pessoal

JOÃO CARLOS ESPADA

Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Director de Nova Cidadania

O leitor desta edição 72 de Nova Cidadania poderá ter sido surpreendido pelo destaque da capa a um tema quase esquecido: a fundação do Congresso para a Liberdade Cultural, em Berlim, em 1950, por 200 intelectuais da Europa e dos Estados Unidos.

Acreditamos, todavia, que a surpresa terá sido puramente momentânea para os leitores habituais de Nova Cidadania. A defesa da liberdade ordeira sob a lei — a que chamamos nas nossas capas, desde o primeiro número, em 1998, “liberdade e responsabilidade pessoal” — tem sido a inspiração fundadora e permanente da nossa revista.

Por isso recordamos aqui enfaticamente a reunião pluralista de intelectuais euro-americanos — da direita e da esquerda democráticas, bem como do centro — que, em 1950, se reuniram em Berlim para denunciar o totalitarismo soviético anti-liberal e anti-democrático. Eles certamente discordavam sobre muitos temas entre si — mas enfaticamente concordavam na defesa crucial da democracia e do estado de direito, contra o totalitarismo comunista que na época alimentava o que o saudoso Raymond Aron chamou de “‘ópio dos intelectuais”.

O tema da liberdade ordeira sob a lei está também subjacente ao dossier que abre esta edição — sobre a liberdade de educação entre nós, a propósito da cadeira de “Cidadania e Desenvolvimento”. Retomamos aqui textos de cinco membros do nosso Conselho Editorial — incluindo o Presidente, Mário Pinto — que foram na altura publicados na imprensa. O leitor certamente notará diferentes sensibilidades entre eles. E ainda bem que assim acontece: tal como em 1950, em Berlim, também hoje — nesta revista e no nosso Conselho Editorial — a comum defesa da liberdade exprime-se em diferentes sensibilidades.

Esta comum disposição pluralista e anti-autoritária foi inesquecivelmente marcada entre nós por dois grandes democratas que recordamos nesta edição: Francisco Sá Carneiro, recordado por Maria João Avillez, e Francisco Sousa Tavares, recordado por Guilherme d ́Oliveira Martins. Na próxima edição, esperamos poder dar testemunho do recente relançamento da Fundação Mário Soares e Maria Barroso. Recordando de novo Raymond Aron, gostamos de sublinhar que a democracia é obra comum de partidos rivais.

Este poderia aliás ser o título abrangente do dossier que publicamos sobre Timor Leste — em que temos o privilégio de incluir artigos de Xanana Gusmão, José Ramos-Horta e Taur Matan Ruak, além dos embaixadores portugueses Pedro Catarino e António Monteiro. Recordando a verdade factual sobre os intensos episódios da resistência de Timor Leste contra a ocupação ilegal pela Indonésia, estes depoimentos fazem justiça à coerência da política externa portuguesa e dos seus diferentes protagonistas — entre os quais os nossos cronistas destacam José Manuel Durão Barroso, membro do nosso Conselho Editorial e director do Centro de Estudos Europeus do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica.

 


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