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‘’Se queremos que as coisas fiquem como estão, as coisas terão de mudar’’

A imprensa italiana, os atores políticos, os cidadãos e muitos intelectuais em Itália insistem em considerar o início da presente legislatura como um ponto de viragem na história do país, chamando-lhe de ‘’Terza Repubblica’’ (a Terceira República). O nome é problemático, pelo menos de um ponto de vista formal: de facto, não há nem uma nova Constituição nem alterações estruturais à vigente. Contudo, a arena política italiana foi suficientemente transformada nas úl- timas décadas para justificar parcialmente o uso dessa denominação.

Depois de vos contar uma breve história das Repúblicas italianas, de modo a vos deixar mais confortáveis com alguns períodos políticos, irei sugerir-vos a famosa citação no Leopardo de Tomasi di Lampedusa: ‘’Se queremos que as coisas fiquem como estão, as coisas terão de mudar’’, que pode- rá ser ainda válida nesta nova estação da ingovernável democracia italiana.

Para Adenauer, a construção de um estado democrático no solo Alemão, que viveria em paz e harmonia com os seus vizinhos Europeus, estava umbilicalmente ligada à integração e cooperação estreitas com a sua vizinhança

Gostaria por começar, antes de mais, por expressar, em nome da Fundação Konrad Adenauer, o nosso agradecimento pela oportunidade de patrocinar o Estoril Political Forum. Penso que todos concordaremos que o Forum é um encontro extraordinário e estimulante sobre vários tópicos relevantes acerca de

Gostaria também de vos agradecer pela dedicação do último jantar à memória de Konrad Adenauer. Konrad Adenauer foi o pai fundador da Alemanha do pós-Guerra, primeiro como presidente da Assembleia Parlamentar da Alemanha Ocidental, que esboçou a Lei Básica, a Constituição da República Federal, em 1948/49; e, de Setembro de 1949 adiante, aos 73 anos, tornou-se por 14 anos no primeiro Chanceler da República Federal até Outubro de 1963. Adenauer não foi, contudo, o único arquitecto da reconstrução da Alemanha moderna. Ele construiu este país sobre um pilar essencial, que foi o da integração Europeia. Para Adenauer, a construção de um estado democrático no solo Alemão, que viveria em paz e harmonia com os seus vizinhos Europeus, estava umbilicalmente ligada à integração e cooperação estreitas com a sua vizinhança, especialmente França. Adenauer tornou-se, portanto, num dos principais arquitectos do processo de integração europeia, junto, claro, com outros como Robert Schuman, de França, e Alcide de Gasperi, de Itália.

Palestra proferida a 5 de julho de 2018 na Associação Cristã de Empresários e Gestores, no Funchal

G ostaria de começar por agradecer muito enfaticamente a vossa presença e o muito amável convite que o Professor Ricardo Gouveia, Presidente da ACEGE-Madeira, me dirigiu para estar aqui hoje convosco no Funchal.

O tema da minha breve apresentação prende-se com a preocupante situação que estamos a atravessar na União Europeia. Esta situação é usualmente descrita pelos meios de comunicação social como sendo dominada pelo crescimento dos partidos populistas, nalguns casos racistas e até xenófobos.

Mário Soares pôde contribuir, no plano político, para a evolução sul-africana. Havia que romper com a experiência do apartheid e suscitar uma evolução democrática.

Há circunstâncias históricas aparentemente fortuitas que podem tornar-se decisivas ou pelo menos ter consequências significativas para o curso dos acontecimentos. O que a seguir se lembra é um bom exemplo do que acaba de se dizer. Na biografia de Mário Soares, Nelson Mandela surge ligado a um momento dramático da sua vida, aquando do acidente ocorrido com João Soares e que o levou à África do Sul, depois de ter completado exem- plarmente as visitas de Estado à Hungria e à Holanda. O que aconteceu então foi que, apesar das condições muito difíceis que rodearam essa ida a Pretória, Mário Soares pôde contribuir, no plano político, para a evolução sul-africana. Havia que romper com a experiência do apartheid e suscitar uma evolução democrática. O Presidente Botha tinha-se demitido em agosto de 1989 e tinha sido substituído por De Klerk. Logo no Aeroporto, quando o Presidente português chegou, profunda- mente preocupado com a saúde do filho, Pick Botha convidou Mário Soares para almoçar com o Presidente De Klerk. O momento era muito difícil. A evolução da saúde de João era muito incerta e problemática. No entanto, Soares assim que compreendeu que as coisas poderiam ter um caminho positivo, aceitou o encontro, no qual foi acompanhado por Maria de Jesus e pelos Embaixadores José Cutileiro e João Diogo Nunes Barata. O que sabemos desse encontro permite-nos dizer que foi muito significativo – depressa se tendo passado do formalismo para uma troca de ideias com evidente sentido e consequência políticos. Naturalmente que o ponto de partida das autoridades sul-africanas era muito tímido, receoso e conservador, considerando a própria história complexa da África do Sul. Tudo aponta, porém, para que a experiência do prestigiado político português se tenha revelado fundamental. Mário Soares começou por lembrar: “quando o professor Marcelo Caetano substituiu o ditador Salazar, por incapacidade física deste, prometeu ao País fazer uma liberalização. Mas não teve a coragem de a fazer, ficou-se apenas por superficiais mudanças de nomes. Cinco anos depois foi destituído por uma revolução militar que veio já demasiado tarde para permitir uma transição democrática gradual e controlada, tanto da política interna como da colonial”...

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