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Galston apresenta a dicotomia entre patriotismo e cosmopolitismo sublinhando duas dicotomias paralelas – primeiro, entre particularismo e universalismo, e segundo, a dicotomia entre o bem de cada um e o bem

Como sempre, Bill Galston presenteou-nos com uma apresentação lúcida e convincente. Não creio que haja alguma coisa na sua apresentação da qual realmente discorde, mas há alguns pontos acerca dos quais gostaria de me pronunciar.

O Bill apresenta a dicotomia entre patriotismo e cosmopolitismo sublinhando duas dicotomias paralelas – primeiro, entre particularismo e universalismo, e segundo, a dicotomia entre o bem de cada um e o bem.

Encontramo-nos hoje debaixo de uma nuvem. Por todo o Ocidente, forças nacionalistas – muitas tingidas com xenofobia, preconceito étnico e fanatismo religioso – estão em ascensão.

É uma honra ser convidado a proferir a Dahrendorf Memorial Lecture sobre o tema “Patriotismo, Cosmopolitismo, e Democracia”. Na minha intervenção, irei defender aquilo a que chamo de “patriotismo razoável”, e irei argumentar que comunidades políticas separadas e distintas são os únicos locais onde política decente e – especialmente – democrática pode ser posta em prática. Começo com algumas clarificações conceptuais.

Cosmopolitismo é uma doutrina que dá prioridade à comunidade de seres humanos enquanto tal, sem ligar a diferenças de nascimento, crença ou fronteiras políticas. A antítese do cosmopolitismo é o particularismo, no qual a prioridade é dada a um grupo ou subconjunto de seres humanos que partilham características. Há diferentes formas de particularismo que reflectem os diferentes objectos de pertença primária – comunidades de correligionários (a ummah muçulmana), etnia, e cidadania partilhada, entre outros.

Assim sendo, como combinar a força e a justiça, e evitar que a justiça degenere em disputa?

Vivemos num mundo imperfeito; ou, para ser mais preciso, somos seres imperfeitos. Como escreve Hans Sachs, no seu grande monólogo acerca do Die Meistersinger de Wagner, ao longo da história e em todos os tempos ‘as pessoas atormentam-se e esfolam-se mutuamente numa raiva inútil insensata, até sangrarem... levados a fugir, cada um pensa estar a caçar; se não ouve a sua própria dor ao escavar a sua própria carne, pensa que está a dar prazer a si próprio...’ Ao olhar para o mundo em 2018, é difícil de sustentar que o tormento e o esfolar mútuo não são traços inerradicáveis do comportamento e da vida humana. Ao longo da história: não nos encontramos subitamente numa era em que a natureza humana é muito diferente daquilo que tem sido. Podem ser apontadas melhorias, certamente, mas muito recentemente, em Junho de 2018, o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados apontou que há actualmente mais refugiados e pessoas deslocadas por razões predominantemente políticas/ militares do que alguma vez na história (cerca de 68.5 milhões).

Queria também eu começar por me associar às palavras de homenagem ao Embaixador Frank Carlucci — que deu um contributo decisivo para o sucesso da transição à democracia em Portugal. Frank Carlucci teve o grande mérito de ajudar a promover o diálogo entre as forças democráticas portuguesas com vista à defesa da democracia constitucional-pluralista. Exprimiu de forma eloquente a liderança americana na defesa da democracia à escala mundial. Esta liderança contribuiu decisivamente para o sucesso da Terceira Vaga de democratização — que terá tido início em Portugal, em 1974, e depois conheceu a segunda fase com a queda do Muro de Berlim, em 1989.

Uma homenagem ao Embaixador Frank Carlucci

Gostaria de começar por agradecer a presença de todos nesta 26a edição do Estoril Political Forum, que se inscreve também nas comemorações dos 50 anos da Universidade Católica Portuguesa. Pedia a vossa compreensão para usar agora a língua inglesa, de forma a comunicar directamente com os nossos convidados estrangeiros.

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