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Referendo Britânico - Hayek teria votado para ficar

Para conjeturar qual teria sido a posição de Hayek no referendo britânico sobre a UE e sobre o estado atual do projeto europeu, mais genericamente, é instrutivo considerar a sua biografia.

Para conjeturar qual teria sido a posição de Hayek no referendo britânico sobre a UE e sobre o estado atual do projeto europeu, mais genericamente, é instrutivo considerar a sua biografia. A primeira metade da longa vida de Hayek foi caracterizada pelo desenrolar constante da ordem liberal na qual ele tinha nascido. Em 1899, a Europa estava praticamente sem fronteiras, com apenas um punhado de países mais subdesenvolvidos, como a Rússia e o Império Otomano, a requerer os passaportes nas suas fronteiras. Era um mundo de comércio livre, imigração em grande escala, baixa tributação e pouca regulação dos assuntos privados e um elevado nível de inovação cultural.

Tudo isso desapareceu quando a obra mais popular de Hayek, O Caminho para a Servidão, foi publicada, em 1944. A sua terra-natal, a Áustria-Hungria, uma monarquia multinacional, poliglota, cosmopolita e – no final do século XIX – liberal foi dissolvida e substituída por Estados-nação, muitos deles produto de desígnio humano nas várias conferências de paz. A Primeira Guerra Mundial interrompeu a expansão do comércio mundial, enquanto a Grande Depressão viu desafiado o consenso em torno da política monetária – o padrão-ouro – e da política económica – laissez-faire – e depois substituído por abordagens mais intervencionistas. Finalmente, a Revolução Russa de 1917, a ascensão ao poder dos fascistas de Mussolini em Itália e a eleição de Hitler em 1933, todos estes acontecimentos introduziram formas de governos socialistas em grande parte da Europa.

Estes eventos e o horror da Segunda Guerra Mundial moldaram os desenvolvimentos do pós-guerra. Por um lado, o planeamento do governo de uma parte significativa da atividade económica era considerado um dado adquirido. Este foi o caso mesmo nas economias “livres” do Ocidente, que competiam por domínio intelectual e político com os países comunistas não-livres. Por outro lado, foram criadas instituições – GATT, FMI e ONU – numa tentativa deliberada para promover a paz, evitar as políticas económicas prejudiciais do período pós-guerra e encorajar relações mutuamente benéficas entre países.


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