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Atlantic Conferences - Uma aliança de liberdade: a Grã-Bretanha e o nascimento do liberalismo português (1807-1847)

José Miguel Sardica

José Miguel Sardica

Faculdade de Ciências Humanas e Instituto de Estudos Políticos Universidade Católica Portuguesa

O parto difícil da contemporaneidade liberal portuguesa contou sempre com a importantíssima ajuda do Reino Unido, no quadro da multissecular aliança luso-britânica.

1. A «Glorious Revolution» de 1688-89 fez da Inglaterra a primeira e mais antiga monarquia liberal do mundo. Seguindo o ritmo da chamada “era das revoluções”, o liberalismo chegou a Portugal apenas na primeira metade do século XIX, por um curso histórico recheado de avanços e de recuos, que passou pela devastação às mãos dos exércitos franceses invasores, por uma violenta guerra civil entre liberais e absolutistas e por anos de luta política endémica. Esse parto difícil da contemporaneidade liberal portuguesa contou sempre com a importantíssima ajuda do Reino Unido, no quadro da multissecular aliança luso-britânica – a mais antiga amizade diplomática do mundo, hoje com 650 anos de história ininterrupta.

Os dois países recordam as conjunturas mais importantes da aliança: a fundação, no final do século XIV; o apoio inglês à restauração da independência de Portugal face à Espanha, no século XVII; o alinhamento português com a Grã-Bretanha na guerra da sucessão espanhola ou na guerra dos sete anos, no século XVIII; a política africana de Lisboa e de Londres, na segunda metade do século XIX; ou o auxílio luso à causa aliada, nas duas guerras mundiais do século XX. Este texto abordará a aliança luso-britânica ao longo de um tempo porventura menos conhecido: o da primeira metade do século XIX. No momento inicial desse ciclo, entre 1807 e 1820, Londres estabeleceu um quase protetorado sobre Portugal, cujas razões radicaram tanto na luta portuguesa pela sua independência, como nas necessidades inglesas de defesa geoestratégica em face da hegemonia continental francesa. No segundo momento, entre o início da década de 1820 e o final da década de 1840, sucederam-se várias intervenções britânicas em Portugal, cujas razões radicaram nos pedidos portugueses e na vontade de Londres em reforçar no seu aliado o modelo político-social já existente no Reino Unido, assim alargando o seu domínio sobre a frente liberal euro-ocidental e o seu estatuto de maior potência do mundo.

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