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Sílvia Mangerona

Sílvia Mangerona

Professora universitária doutorada em Ciência Política e Relações Internacionais no IEP-UCP

O Senhor Professor Adriano Moreira partiu, mas ficará para sempre o seu “eixo da roda”. Ficarão para sempre os seus valores humanistas e de serviço, a sua visão atlantista, o seu brilhantismo e a sua extraordinária obra.

Vivemos em “Tempos de Vésperas”. Tempos de guerra e de transição para uma realidade ainda por descobrir e reconhecer e, por isso, são muitos os desafios internos e externos que nos impelem para o regresso aos preceitos humanistas e cristãos. O regresso ao que o Senhor Professor designava por “eixo da roda”: os valores que devem permanecer imutáveis no Homem e nos Estados durante o desenvolvimento pessoal e a procura diligente do bem comum.

Na obra de 1971, “Tempos de Vésperas – A agonia do regime”, o Senhor Professor afirmou que “há valores, ideias, concepções, que florescem mais fortes depois da provação. Mesmo que seja a provação do deserto. A Família, a Pátria, são apenas exemplos. Nunca morrem. Como que ficam fora do tempo, à espera do seu tempo. Um dia reencontram-se com um homem, um grupo, um povo, e reentram na acção e na história visíveis. Daqui a necessidade do diálogo de cada homem com a sua circunstância, para distinguir o acidental do perene. Procurar a graça de entender quais são os valores permanentes que é chamado a servir e que são o eixo, na família, na amizade, na profissão, na cidadania. Encontrar esse eixo e identificar-se com ele. Saber que este nascer quotidiano de novas eras verbais, é como a paisagem variável que uma roda em movimento vai atravessando. É bom olhar com interesse para a paisagem. Mas fazendo como o eixo da roda, que acompanha a roda mas não anda.” pp. 16-17, 3ª ed., 1986.

Francisco Proença Garcia

Francisco Proença Garcia

Tenente-Coronel, Professor, IEP-UCP

Foi uma longa viagem, 30 anos de exploração intelectual que só foi possível por ter estudado, conversado, aprendido e trabalhado com o Professor Adriano Moreira.

Conheci o Professor Adriano Moreira na primavera de 1992, era ele curador da Fundação Oriente e eu um aluno de mestrado em Relações Internacionais. Esse encontro que durou 30 anos deveu-se ao General Pedro Cardoso.

A minha vida académica iniciou-se nessa altura com os estudos sobre a África e o período colonial como pano de fundo. As teses de Mestrado mas sobretudo a de Doutoramento muito beneficiaram dos seus esclarecimentos, do seu conhecimento, da sua orientação, tendo tido o privilégio de ver a minha tese de doutoramento premiada e publicada contando com um prefácio seu.

Nesses quase 10 anos iniciais de contacto frequente fomos discutindo a Estratégia e a Guerra, o contexto internacional, a Europa e, claro, o estado exíguo em que nos tínhamos tornado. Neste período fomos criando cumplicidades e, já Doutor, os desafios passaram a ser diferentes. Primeiro no Instituto Português da Conjuntura Estratégica, onde organizo e apoio a publicação da Estratégia desde 2002 e, mais tarde, como Secretário-geral adjunto e depois Secretário-geral e Académico da Academia Internacional da Cultura Portuguesa e ainda como seu assistente na disciplina de Teoria das Relações Internacionais no nosso Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica. Estes lugares permitiram-me privar de mais próximo com o Professor, dialogar sobre o papel das Instituições, a natureza e o exercício do Poder e sempre debater a importância da preservação do Eixo da Roda, que são os valores.

João Carlos Espada

João Carlos Espada

Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Director de Nova Cidadania

Aprendi com Adriano Moreira a lição do cavalheirismo, do espírito universitário e das regras impessoais que subjazem às instituições.

Tem sido muito comovente e muito merecida a homenagem que o país tem prestado a Adriano Moreira — primeiro no seu centenário, a 6 de Setem- bro, depois na sua morte, a 23 de Outubro. Não tenho a pretensão de conseguir acrescentar aqui um contributo significativo a esta comovente e muito merecida homenagem. Mas talvez me seja permitido um modesto agradecimento pessoal.

Conheci pessoalmente Adriano Moreira nos anos idos de 1983 (há quase 40 anos!) — quando o entrevistei no seu escritório, forrado de livros, de sua casa no Restelo, quando conheci também sua encantadora mulher, Mónica Lima Mayer. Eu estava na altura a preparar um dossier para a Revista do Expresso — então dirigida pelo meu querido e saudoso Amigo Vicente Jorge Silva — sobre uma dupla pergunta: “O que é ser de esquerda hoje?” e “O que é ser de direita hoje?” [que viria a ser publicado em dois capítulos, a 6 de Novembro de 1982, sobre a esquerda, e a 16 de Julho de 1983, sobre a direita].

Tive então o privilégio — obviamente só possível devido à chancela que o Expresso amavelmente concedeu a um desconhecido jornalista — de ouvir naquela ocasião vozes muito estimulantes da nossa vida intelectual (embora não necessariamente mediática). Recordo com saudade Victor Cunha Rego, Jorge Borges de Macedo, Franco Nogueira, Sottomayor Cardia, José Fernandes Fafe, António José Saraiva, para citar apenas alguns.

Guilherme d'Oliveira Martins

Guilherme d'Oliveira Martins

Conselho de Administração, Fundação Calouste Gulbenkian; Conselho Editorial, Nova Cidadania

Adriano Moreira teve uma vida plena. Teve um pensamento aberto que evoluiu. Marcou um longo período da história portuguesa.

A sua reflexão foi, até aos últimos tempos da sua vida, um apelo constan- te ao realismo na política internacional, aliado ao respeito e à compreen- são dos valores ligados à eminente dignidade da pessoa humana. A sua obra tem, pois, de ser lida em diálogo e confronto com, sendo que a democracia só se enriquece através do res- peito de diversas perspetivas. Num tempo em que a Ordem Internacional vive muitas incertezas e em que se gera a tentação da uniformidade e do pensamento único, a leitura das reflexões de Adriano Moreira permite compreender uma perspetiva importante da contemporaneidade, segundo uma dialética centrada no pluralismo e na complexidade. Que é a democracia senão a diversidade baseada no respeito dos direitos humanos?

Isabel Capeloa Gil

Isabel Capeloa Gil

Reitora da Universidade Católica Portuguesa

Na UCP acreditamos que o futuro se traça, mantendo e honrando a memória do passado e daqueles que o informaram.

Exmos Sr. Prof. Adriano Moreira, Sr. Prof. João Carlos Espada, Diretor do IEP, Sr Prof. Manuel Braga da Cruz, Familiares do Prof. Adriano Moreira, distintos convidados, minhas senhoras e meus senhores

A lectio magistralis que o Prof. Adriano Moreira acaba de proferir constitui exemplo último da generosidade do mestre para com os discípulos, que dele todos somos. As universidades constroem-se não de tijolos, mas de legados académicos, de grandes lições, que são também exemplo de uma vida dedicada à academia, à coisa pública, ao serviço do país e dos portugueses. O agradecimento da Universidade Católica Portuguesa, através do Instituto de Estudos Políticos, será sempre pálido face ao muito que ao Prof Adriano Moreira devemos e ao seu modelar contributo para a formação de juristas, na Faculdade de Ciências Humanas, primeiro, de cientistas políticos, no IEP, depois.

O tempo da Universidade Católica foi e é o tempo do Prof. Adriano Moreira que a acarinhou na sua fundação, a ajudou a caminhar nas décadas subsequentes, e dele é também o nosso presente. Participou no ato de fundação da Universidade, em Braga, em 1967, com presença na cerimónia de abertura ao lado de muitos professores de universidades estrangeiras e portuguesas, atestando a sua confiança na nova Universidade e prestigiando com a sua presença este ato fundacional.

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