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Estoril Political Forum 2022 - Em Defesa de uma Ética de Deferência em Tempos Infelizes

Catherine Marshall

Catherine Marshall

CY Cergy-Paris Université, Paris

Uma ética de deferência pode ser a resposta para alguns dos males com que nos deparamos nos nossos tempos.

Devo começar desde já por explicar que acabei de publicar um livro sobre o conceito de deferência política, intitulado Political Deference in a Democratic Age: British Politics and the Constitution from the Eighteenth Century to Brexit. Estando o livro agora concluído, tenho-me interrogado se o uso de deferência política poderia ser estendido a outras democracias liberais no mundo.

Mas então, o que significa deferência? A definição mais comum está relacionada com a palavra francesa “déférer”, usada desde o século XIV, e que significa ‘ceder ou consentir’ à opinião de uma outra pessoa e mostrar-lhe a devida consideração como forma de submissão. No entanto, uma definição muito mais refinada foi-nos dada pelo pensador vitoriano Walter Bagehot (1826-1877). A sua definição afastava-se do significado elementar para sublinhar que deferência a alguém não significa necessariamente que essa pessoa seja um superior a quem tenha que se ceder ou obedecer. Deferência pode ser um acto de auto-controlo para o bem comum que não implica domínio. Talvez, e isso é mais importante para Bagehot, tal concepção de deferência ao poder tenha tido lugar numa estrutura social hierárquica que encorajava um certo código moral de conduta que se baseava na forma antiga de agir.

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