Estoril Political Forum 2021

John M. Owen IV
Universidade de Virginia
A liderança do Partido Comunista está bem consciente do viés liberal da ordem internacional, e quer livrar-se dele. Enquanto o Partido insistir em manter o regime chinês, o que implica um monopólio do poder por parte do Partido, a ordem liberal internacional prejudica e humilha a China.
As minhas palavras são sobre a China e a ordem internacional – isto é, como é que o Partido Comunista Chinês está a tentar influenciar a ordem internacional de forma a não favorecer mais as democracias constitucionais com economias de mercado, antes procurando favorecer o seu próprio regime, a que chama de ‘’Socialismo com Características Chinesas’’.
A famosa ordem internacional que os Estados Unidos, o Reino Unido e outras democracias estabeleceram depois da Segunda Guerra Mundial tinham um viés deliberadamente liberal-democrático. Foi desenhada para proteger o auto-governo constitucional nos países industriais centrais, depois dos traumas dos anos 30 e do início dos anos 40, isto é, a Grande Depressão, a ascensão do fascismo e do comunismo e o enfraquecimento correspondente da democracia, como a própria guerra, que a Alemanha nazi quase ganhou. Este viés liberal no projeto do pós-guerra anglo-americano está refletido no nome que lhe damos: a ‘’ordem liberal internacional.’’ A ordem era uma aplicação concreta da Carta Atlântica, na forma de regras e instituições internacionais e um novo papel para os Estados Unidos naquilo que John Ikenberry chamou de ‘’leviatã liberal.’’
Estoril Political Forum 2021

Martin Hala
Universidade Charles, Praga
O partido-estado da RPC tem vindo a desafiar toda a ordem internacional, muito para além daquilo que tradicionalmente entendemos como o Ocidente.
TRADUÇÃO Jorge Miguel Teixeira
A confrontação próxima com a RPC não é apenas um problema para o Ocidente. Houve países no Extremo-Oriente, como o Japão e Taiwan, que se encontram a leste da China e foram afectados por estas tensões pelo menos de uma forma tão profunda, e provavelmente mais cedo, que os EUA e as outras democracias ocidentais. Similarmente, a Austrália, bem no Sul profundo, foi entre os primeiros países a acordar para o desafio; de facto, a resposta de Canberra precedeu e em muitos aspectos inspirou o atual debate nos EUA. A Índia teve, recentemente, alguns conflitos de pequena escala – embora letais – com o ELP na sua longa fronteira com a China nos Himalaias. O Vietname, as Filipinas e outros membros da ASEAN tiveram escaramuças marítimas e outras formas de intimidação no Mar do Sul da China. As iniciativas de política externa chinesa, como o BRI, são agora explicitamente globais.
No fundo, o partido-estado da RPC tem vindo a desafiar toda a ordem internacional, muito para além daquilo que tradicionalmente entendemos como o Ocidente (ele próprio um conceito flexível).
Estoril Political Forum 2021
Jantar Memorial Winston Churchill

James W. Muller
Presidente do Conselho Consultivo Académico, International Churchill Society
Aquilo que Churchill entendia como civilização era o facto de termos aprendido a impedir-nos a nós e a outros de usar a violência e a força sem direito, vivendo numa sociedade que ganha através da reflexão e da escolha, respeitando direitos iguais para todos.
Sua Excelência, Professor Espada, Dr. Sondermann, Dr. Burnay, caros churchilianos, Senhoras e Senhores.
Que prazer que é vir mais uma vez ao Estoril para celebrar o aniversário da Carta Atlântica, proclamada por Franklin Roosevelt e Winston Churchill há oitenta anos. Juntamo-nos esta noite para honrar Churchill e celebrar os feitos da Churchill Society em Portugal e a fundação da Churchill Society no Brazil.
Este aniversário ajuda-nos a recordar aquilo que distingue as nações liberais e democráticas – nações que alcançaram uma meta importante de civilização para os seus cidadãos – daquelas que ainda não a alcançaram, cujos cidadãos ainda podem ganhar tanto caso a alcancem.
Estoril Political Forum 2021

William A. Galston
Senior Fellow, The Brookings Institutions, Washington DC
Devemos encarar com novos olhos para os desafios diferentes que enfrentamos hoje.É altura de reflexão e inovação, e não de celebração.
Estoril Political Forum 2021

João Carlos Espada
Director do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa. Director de Nova Cidadania
Em defesa da democracia liberal, do império da lei, do livre comércio e da economia de mercado.
TRADUÇÃO Jorge Miguel Teixeira
Senhoras e Senhores,
Bem-vindos ao 29º Encontro Internacional em Estudos Políticos, agora também conhecido por ‘’Estoril Political Forum.’’ Temos muito gosto em informar-vos que estão a participar no maior encontro de estudos políticos em Portugal – e, sim, já quase 29 anos passaram desde o nosso primeiro encontro no Convento da Arrábida, em outubro de 1993. Não éramos mais do que 20 participantes... e agora dizem-me que temos mais de 600 participantes registados para o evento em pessoa, para não falar das várias centenas que nos acompanham online.
Tenho também muito gosto em informar-vos que começamos agora a celebração do 25º aniversário do nosso Instituto de Estudos Políticos, que foi lançado no ano académico de 1996/1997. A celebração está a ser preparada para o próximo Estoril Political Form – o 30º - esperemos que em junho de 2022. Entretanto, esperamos poder circular uma versão preliminar do nosso livro sobre o 25º aniversário ainda durante o presente encontro.