
Rafaela Ramos Guimarães
Aluna IEP-UCP Presidente AAIEP
Hoje, aqui reunidos lado a lado com as pessoas que vos ajudaram e incentivaram, podem finalmente dizer que sim, isto resultou.
Boa noite a todos, antes de mais nada gostava de cumprimentar a Senhora Vice-Reitora da UCP Professora Isabel de Vasconcelos, Senhor Professor Mário Pinto Distinto Palestrante Alexis de Tocqueville, Senhora Professora Mónica Dias Ilustre Vice-Diretora do IEP, Senhor Padre Miguel Vasconcelos Ilustre Capelão da UCP, Senhor Professor João Pereira Coutinho, e por fim, mas definitivamente não menos importante, a todos vocês que estão aqui presentes.
Nestes 3 anos de licenciatura passaram por muito, passa- ram por Platão, Maquiavel e Adam Smith, passaram pela revo- lução francesa, pela história da União Europeia e aprenderam que não há almoços grátis, mas a cima de tudo ultrapassaram, ultrapassaram todas as barreiras que vos foram aparecendo ao logo do vosso percurso, ultrapassaram maratonas de estudos e noites mal dormidas, ultrapassaram uma pandemia e uma mu- dança radical de tudo o que até ao momento conheciam como normal, ultrapassaram as dificuldades e os momentos menos galantes, ultrapassaram aquela pergunta do subconsciente “e se isto não resultar”?
E hoje, aqui reunidos lado a lado com as pessoas que vos aju- daram e incentivaram, desde os professores, ao staff, aos colegas, à família e amigos podem finalmente dizer que sim, isto resultou, que todo o esforço e o trabalho investido valeu a pena por este momento final.

Isabel Vasconcelos
Vice-reitora da Universidade Católica Portuguesa
Senhora Professora Mónica Dias, Vice-Diretora do Instituto de Estudos Políticos Senhor Professor Mário Pinto, Professor Catedrático Jubilado da Universidade Católica Portuguesa e Cofundador do IEP Senhor Professor João Pereira Coutinho Senhor Padre Miguel Vasconcelos, Ilustre Capelão da UCP Senhor Professor Manuel Braga da Cruz, ex-Reitor da UCP Senhoras e Senhores Embaixadores, Ilustres Autoridades Académicas, Civis e Militares, Senhores professores e colaboradores Dra Michelle Santos, Chefe de Gabinete da Direção do IEP Prezados Alumni da Universidade Ilustres convidados, Caros diplomados e respetivas famílias Minhas senhoras e meus senhores,
Inicio estas breves e simples palavras agradecendo ao Senhor Professor Mário Pinto, a magnífica palestra que proferiu.
A Palestra Alexis de Toqueville é um momento muito importante do ano académico do IEP, certamente o mais solene, e inclui a Sessão de Entrega de Diplomas do Instituto.
Por isso permitam-me que me dirija agora aos graduados e suas famílias.
A cerimónia de hoje é, naturalmente, especial para os diplomados que recebem um passaporte para a vida profissional.

Allen Packwood
Director, Churchill Archives Centre, Churchill College, Cambridge
Em 1939, Churchill perspicazmente afirmou “Não posso prever a acção da Rússia.É um enigma, envolto em mistério, dentro de um enigma.”1
Pediram-me para falar sobre Churchill e a Rússia, mas também me deram apenas 15 minutos. Acho que se Winston estivesse aqui, teria exigido mais tempo.
A citação mais famosa de Churchill sobre a Rússia é que o país era “um enigma envolto em mistério, dentro de um enigma”. Churchill disse estas palavras a 1 de Outubro de 1939. Estas formaram uma passagem chave na sua primeira transmissão em tempo de guerra pela BBC. Ainda não era Primeiro-Ministro, tendo acabado de ser trazido de volta ao Gabinete por Chamberlain como Primeiro Lorde do Almirantado, mas isso – caracteristicamente – não o impediu de percorrer mais amplamente o cenário mundial.
A Palestra Alexis de Toqueville é um momento muito importante do ano académico do IEP, certamente o mais solene, e inclui a Sessão de Entrega de Diplomas do Instituto.
E deixem-me recordar que a Rússia estava nesse momento – em 1939 – aliada à Alemanha nazi, através do pacto Molotov- -Ribbentrop, assinado algumas semanas antes em Agosto, e que Estaline e Hitler haviam acabado de devorar a Polónia.

Dóra Gyorffy
Universidade Corvinius, Budapeste
Não devemos ter ilusões: o ataque injustificável à liberdade e soberania da Ucrânia é um ataque ao Ocidente e a tudo o que ele representa.
Ao longo dos últimos anos, temos discutido no Estoril Political Forum as ameaças do autoritarismo à ordem internacional baseada em regras e à aliança transatlântica. Estes perigos foram sempre difusos. Havia muitas razões para examinar os falhanços internos das democracias ocidentais em vez de pôr o foco na guerra híbrida que já decorria e que a Rússia já vinha travando contra o Ocidente. Depois de 24 de fevereiro, a guerra está assumida. Não devemos ter ilusões: o ataque injustificável à liberdade e soberania da Ucrânia é um ataque ao Ocidente e a tudo o que ele representa. Como afirma Nicholas Tenzer1: “o que Putin quer destruir é a própria ideia de humana, e o que com ela vem: liberdade, beleza, nobreza de sentimento, generosidade, altruísmo, alegria, tudo o que representa alguma forma de magnificência… ele pretende mostrar… que as supostas forças da razão, moralidade e justiça nunca serão fortes o suficiente para resistir à pressão da libertação devastadora de qualquer regra.” O projecto niilista deve ser fortemente derrotado, a Ucrânia tem de vencer, e o Ocidente deve ajudar nas dimensões militar, política, económica e humanitária.
Embora a guerra tenha trazido clareza moral, Putin ainda conta com os fracassos ocidentais para cumprir os seus próprios ideais. A sua crença cínica sobre o declínio do Ocidente não é simplesmente uma ilusão, é também sustentada pela sua experiência pessoal com actores ocidentais.
O seu sucesso generalizado em corromper funcionários e empresários ocidentais poderia dar-lhe a impressão de que todos estão à venda e de que as referências a valores são apenas slogans vazios sem compromisso real. Ele tinha agentes a trabalhar para ele na política e no mundo dos negócios nos EUA, no Reino Unido e na União Europeia.É possível obter uma imagem precisa do ecossistema nos negócios e na advocacia ocidental ao ler o livro Freezing Order, recentemente publicado por Bill Browder2, arqui-inimigo de Putin e promotor da legislação Magnitsky em todo o mundo. A Rússia também tem influência sobre os governos ocidentais, e Putin demonstra confiança na sua capacidade de fomentar divisão na aliança transatlântica.3 Embora não consiga convencer os actores ocidentais da natureza justificável da sua guerra, apoiar várias narrativas de apaziguamento é um objetivo claro da propaganda russa que tem muito maiores probabilidades de sucesso.

Catherine Marshall
CY Cergy-Paris Université, Paris
Uma ética de deferência pode ser a resposta para alguns dos males com que nos deparamos nos nossos tempos.
Devo começar desde já por explicar que acabei de publicar um livro sobre o conceito de deferência política, intitulado Political Deference in a Democratic Age: British Politics and the Constitution from the Eighteenth Century to Brexit. Estando o livro agora concluído, tenho-me interrogado se o uso de deferência política poderia ser estendido a outras democracias liberais no mundo.
Mas então, o que significa deferência? A definição mais comum está relacionada com a palavra francesa “déférer”, usada desde o século XIV, e que significa ‘ceder ou consentir’à opinião de uma outra pessoa e mostrar-lhe a devida consideração como forma de submissão. No entanto, uma definição muito mais refinada foi-nos dada pelo pensador vitoriano Walter Bagehot (1826-1877). A sua definição afastava-se do significado elementar para sublinhar que deferência a alguém não significa necessariamente que essa pessoa seja um superior a quem tenha que se ceder ou obedecer. Deferência pode ser um acto de auto-controlo para o bem comum que não implica domínio. Talvez, e isso é mais importante para Bagehot, tal concepção de deferência ao poder tenha tido lugar numa estrutura social hierárquica que encorajava um certo código moral de conduta que se baseava na forma antiga de agir.