O País dos Sovietes - Recordar trinta anos depois

Daniela Nunes
Mestre IEP-UCP; Assistente de Direcção, IEP-UCP
Em 2021 assinala-se o 30º aniversário da implosão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O historiador e jornalista português José Milhazes viveu e relatou à imprensa portuguesa os eventos que, entre 1989 e 1991, culminaram neste momento disruptivo. O seu testemunho éúnico no nosso país.
Em 2021, assinala-se o 30º aniversário da implosão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O historiador e jornalista português José Milhazes viveu e relatou à imprensa portuguesa os eventos que, entre 1989 e 1991, culminaram neste momento disruptivo, embora pacífico, que foi a fragmentação de um império septuagenário. Da Póvoa de Varzim, no Norte de Portugal, Milhazes partiu para Moscovo em 1977, onde acabaria por se formar e viver durante 38 anos. A sua experiência no País dos Sovietes começou, na verdade, na União Soviética de Brezhnev e viria a prolongar se atéà Rússia de Putin, que abandonara em 2015 para regressar definitivamente a Portugal. Por esta e outras razões, o testemunho de Milhazes é, muito provavelmente, único no nosso país.
Ensaio IDL
O que o kyklos platónico revela hoje

Juan Bosco Rodríguez Ballvé
Mestre IEP-UCP; Assistente de Direcção, IEP-UCP
Mas, será Platão irremediavelmente hostil às sociedades abertas?
O mais notório crítico de Platão na modernidade foi Karl Popper. Platão era o inimigo da Open Society e, a sua República, a sociedade fechada canónica. Assim, conta Steven B. Smith, straussiano da Yale, que certo professor, quando chegava a altura de ensinar Platão, entrava na aula e introduzia-a “ao fascista Platão.”
Mas, será Platão irremediavelmente hostil às democracias abertas? Olhemos para o seu kyklos: a narração de Sócrates, num diálogo do livro oitavo da República, sobre a degeneração dos regimes políticos. O ciclo começa com a aristocracia — o governo dos mais qualificados — e vai deteriorando até aos regimes chamados injustos: timocracia, oligarquia, democracia e tirania. A tirania mais selvagem, acreditava o Sócrates platónico, surgia da mais extrema liberdade. Esta originar-se-ia na negação de toda a autoridade e da prevalência dos apetites acima da razão constituída como princípio regulador da alma.
Ensaio IDL
Vom Kriege: Guerra e Política Reflexão acerca da obra de Carl von Clausewitz

Laura Lisboa
Mestre IEP-UCP; Assistente de Direcção, IEP-UCP
De que forma o autor perceciona a guerra como um instrumento e uma continuação da política?
Carl von Clausewitz nasceu no Reino da Prússia poucos anos antes da Revolução Francesa e, ao longo da sua vida, serviu junto do exército Prussiano e Russo durante o período das Guerras Revolucionárias Francesas e Napoleónicas. O seu juízo arguto aliado à experiência histórica e militar permitiu-lhe pensar as condições e a natureza da guerra numa perspetiva inovadora que o destaca dos seus contemporâneos. Publicado a título póstumo em 1832, Vom Kriege, tornou Clausewitz num autor vastamente citado e permanece uma das obras mais respeitadas na área da estratégia militar e teoria da guerra.
Ensaio IDL
O Futuro da NATO Frente às Novas Ameaças

Raquel da Costa Gatta
Mestre IEP-UCP; Assistente de Direcção, IEP-UCP
As ameaças actuais são mais frequentemente não-convencionais e a NATO deveria ser capaz de se adaptar e reajustar em conformidade.
A NATO enfrenta no presente, e desde o fim da Guerra Fria, algumas das ameaças mais sérias à sua estabilidade e ao cumprimento dos objetivos de proteção dos seus Estados membros. As ameaças à sua estabilidade advêm da periferia, mas também de dentro, e torna-se portanto necessário que os membros da NATO demonstrem estarem ‘na mesma página’ em questões fundamentais, de modo a permitir assegurar uma ação e postura fortes e articuladas. Os ‘Estados inimigos’ tradicionais já não são os mesmos; surgiram ‘inimigos sem Estado’ e países como a China têm aumentado dramaticamente a sua influência no mundo, através de uma abordagem de soft power, que poderá eventualmente vir a ser apoiado por fortes forças militares se necessário.
Ensaio
Os Desafios da Construção dos Estados/Nação em África

Rui Cruz
Professor Universitário Jubilado
O desafio da identidade e unidade nacional, inerente à constituição de um Estado-Nação é um processo, ainda, em formação e com grandes desafios a vencer.
Os países africanos da região subsahariana, incluindo o Angola, vivem grandes desafios na luta pela sua afirmação como países independentes e soberanos, num contexto internacional complexo e com riscos de regresso aos conflitos étnicos, religiosos e fronteiriços.
Os recentes conflitos internos da Etiópia, do Sudao, da República Centro-Africana ou a situação mais preocupante da República Democrática do Congo (ex Zaire) onde se revivem momentos de instabilidade, que continuam por resolver e que ameaçam a estabilidade dos 8 países que com ele fazem fronteira, mas todos com menor dimensão que os 2.511km com Angola, são exemplos desses riscos.